Nações Unidas apertam contra a austeridade e ciclo vicioso do desemprego

O relatório da Situação Económica Global de 2013 afirma que a austeridade na Zona Euro está a derrotar as "frágeis" reformas económicas do Banco Central Europeu e alerta para o "ciclo vicioso" do desemprego.

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Organização afirma que existe um confronto de forças entre a austeridade e as "frágeis" reformas económicas Jimmy May/AP

O relatório para o crescimento económico das Nações Unidas alerta para os riscos de entrada em nova recessão global às mãos do agravamento da situação da Zona Euro e dos riscos do precipício fiscal dos EUA e afirma que são necessárias políticas de emprego diferentes para superar a crise do desemprego global.

Publicado esta terça-feira, o relatório afirma que a recuperação do nível de emprego na Zona Euro e nos EUA pode demorar cinco anos até que volte aos valores anteriores à recessão de 2008 e 2009 e aponta o dedo às políticas de austeridade europeias como sendo as culpadas de parte da crise do crescimento global. 

“As fragilidade nas maiores economias desenvolvidas estão na raiz do abrandamento económico global”, lê-se na apresentação do relatório das Nações Unidas, que afirma ainda que estas potências económicas, “em particular a Europa”, se encontram “num ciclo vicioso de grande desemprego, de fragilidade no sector financeiro, riscos de soberania acrescidos, austeridade fiscal e baixo crescimento”.

A organização cortou “significativamente” nas previsões de Junho e aponta agora para um crescimento global na ordem dos 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial em 2013 e de 3,2% em 2014. Em relação ao crescimento da Zona Euro, apesar do corte de 0,6 pontos percentuais, as Nações Unidas prevêem um crescimento económico de 0,3%, uma visão optimista quando comparada com as perspectivas de recessão de 0,9% do PIB avançadas no início do mês pelo Banco Central Europeu. 

Atrás dos receios de entrada em novo período de recessão mundial encontra-se também o abrandamento do crescimento económico nas economias emergentes, em particular no caso da China.

Na apresentação do relatório de 2013, que estará disponível na íntegra apenas em Janeiro, as Nações Unidas apelam ao abandono da “falência própria da austeridade fiscal” à reestruturação de “políticas fiscais para apoiar a criação de emprego e crescimento sustentável”. Além destas duas sugestões, a organização aponta ainda para a necessidade de haver “políticas monetárias coordenadas e reformas acelerados do sector financeiro”.

Considerando os principais vectores de decisões de política económica em 2012, as Nações Unidas chegam á conclusão de que existem forças em confronto que levam ao “círculo vicioso”, palavra-chave na apresentação do relatório.

O relatório aponta as “frágeis” tentativas políticas para contrariar a armadilha do baixo crescimento económico, onde estão sublinhados o programa de compra ilimitada de dívida anunciado em Setembro por Mario Draghi e o programa monetário em larga escala da Reserva Federal norte-americana, o terceiro Quantitative Easing, que se comprometeu a injectar dinheiro na economia dos EUA através de compra de activos até que o desemprego atinja níveis mais baixos.  

Em oposição a estas políticas, as Nações Unidas apontam a continuação das políticas de austeridade da União Europeia e as dinâmicas de dívida pública.

 

Notícia actualizada às 19h28

Acrescentada informação acerca das previsões de crescimento económico na Zona Euro.

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