Movimento Emigrantes Lesados do BES apela a recusa de proposta do Novo Banco

Em causa estão sete mil casos e aplicações globais de 720 milhões de euros.

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O Novo Banco surgiu em Agosto com a separação, pelo Banco de Portugal, do BES em duas entidades Miguel Manso

O Movimento dos Emigrantes Lesados (MEL) apelou este sábado aos que subscreveram produtos comerciais do BES e querem reaver as poupanças a que recusem a proposta do Novo Banco, que consideram ser "inadmissível" e "vergonhosa".

"Pedimos então a todos os emigrantes lesados para não assinarem os contratos enquanto o Novo Banco não propuser uma nova reunião", lê-se no comunicado do MEL, que surge numa altura em que foi tornado público que dois mil emigrantes, dos sete mil que reclamavam a devolução das suas poupanças, já terão aceitado o acordo feito pelo Novo Banco.

Para o MEL, a solução apresentada "aos clientes emigrantes detentores das acções preferenciais Poupança Plus, Euro Aforro, Top Renda e EG Premium é inaceitável".

Isto porque, segundo o movimento, o Novo Banco propõe que só daqui a dois anos haja uma parte da liquidez e apresenta produtos diferentes dos prometidos quando os clientes investiram no EURO AFORRO 10 e EG PREMIUM.
Aqueles produtos foram vendidos aos clientes como sendo "produtos de capital e juros garantidos" e agora são apresentadas, em alternativa, "produtos que são, por definição, arriscados".

O MEL entende que os produtos que estão a ser sugeridos aos emigrantes não são compatíveis com o seu perfil de risco de investidor, que é de tipo conservador. "É este mesmo perfil de risco que, desde o início, aquando da venda das acções preferenciais, não concordava com o risco financeiro das acções preferenciais dos quatro Special Purpose Vehicles (SPV) vendidas ao balcão como sendo produtos sem risco e de capital e juros garantidos", recorda.
O movimento lembra que "o total da solução só atingirá (e nem é certeza, visto a natureza arriscado das obrigações, e se o Novo Banco ainda existir quando os clientes quiserem vender as obrigações) os 90% do capital inicialmente investido e só ao cabo de 6 anos".

Para o MEL, esta proposta é "simplesmente inadmissível para pessoas reformadas, idosas com uma idade média de 70 anos e cansadas". Considerando a solução "vergonhosa", o movimento diz ainda que os gestores do Novo Banco têm pressionado os clientes e mentido, por alegadamente estarem a dizer que o MEL está a favor desta solução.

Fonte oficial do Novo Banco confirmou hoje à Lusa que a instituição já chegou a acordo com dois mil dos sete mil emigrantes que subscreveram produtos comerciais aos balcões do BES. "A adesão à solução para os clientes emigrantes está a correr de forma muito positiva", sublinhou a mesma fonte, adiantando que na sexta-feira, havia "2.000 propostas a clientes assinadas", quase "um terço dos clientes".

Segundo a mesma fonte, aos sete mil casos correspondem aplicações num valor global de 720 milhões de euros.
O Novo Banco começou a apresentar aos emigrantes, há pouco mais de uma semana, uma solução comercial, para reaver o dinheiro, investindo nos produtos Poupança Plus, Top Renda e EuroAforro e aguarda a aprovação da maioria dos sete mil clientes para avançar.

A situação dos emigrantes não é a única que o Novo Banco tem para resolver, depois da resolução do BES em Agosto do ano passado. Segundo os últimos dados facultados à Lusa pelo Novo Banco, as soluções apresentadas desde Outubro envolveram um total de quase 14.000 clientes e um valor aplicado de 2120 milhões de euros.

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