Moviflor mudou de nome para não perder o valor da marca

Administração da empresa de mobiliário, que agora se chama Albará, está a ser investigada pelo Ministério Público, diz que o Fisco não libertou contas bancárias necessárias para revitalizar negócio.

Foto
Moviflor, agora denominada de Albará, tem vários pedidos de insolvência no tribunal PÚBLICO/Arquivo

A administração da Moviflor justificou, nesta quarta-feira, a mudança de nome para Albará com a intenção de preservar o valor da marca portuguesa de móveis. Num documento a que o PÚBLICO teve acesso lê-se que na “defesa do maior activo da empresa, que é a marca Moviflor, a administração teve o cuidado de assegurar que esta marca deixasse de constar da denominação social, pois é sabido que a associação de uma marca comercial a uma insolvência lhe retira valor, o que se pretendeu evitar”.

O Ministério Público está a investigar a falência da empresa que, apesar de ter um Processo Especial de Revitalização (PER) aprovado no final de 2013, nunca conseguiu recuperar o negócio. Além de dívidas a fornecedores, não pagou alguns dos salários aos trabalhadores, nem as indemnizações do despedimento colectivo, que levou a cabo ao abrigo do programa de recuperação. Só este ano, deram entrada nos tribunais oito pedidos de insolvência.

Entretanto, uma das lojas da cadeia, na Bobadela, reabriu no passado fim de semana com outro nome: Outlet de Móveis. O estabelecimento é gerido pela IFC, International Furniture Company, cujo administrador esteve ligado, até 4 de Agosto, à holding Moviflor SGPS, dona do negócio em Angola e Moçambique (que ficou a salvo do PER).

Sem falar na IFC, a administração da, agora, Albará diz que o sucesso do plano de recuperação dependia do financiamento da banca, “com uma verba de pelo menos quatro milhões de euros, o que não veio a acontecer”. “Os accionistas procuraram ao longo dos últimos meses substituir-se à banca, colocando na empresa todos os meios financeiros que detinham para assegurar a sua revitalização. Infelizmente, tal não aconteceu”, garante.

Além disso, a empresa acusa o Fisco de não ter libertado “contas bancárias onde existiam valores necessários ao reforço da actividade”, apesar de terem sido “oferecidas as garantias necessárias”.

Quando o plano de recuperação foi aprovado, a Moviflor tinha mais de 1400 credores e as dívidas ascendiam a 147 milhões de euros, com o fisco e a Segurança Social a encabeçarem a lista. A solução prevista no PER, aprovado por 80% dos credores mas que nunca foi cumprido, passava pelo despedimento de 320 trabalhadores e pelo encerramento e substituição de cinco a seis lojas de um total de 24, bem como pelo redimensionamento das restantes.


Sugerir correcção
Ler 3 comentários