Moviflor ainda opera com a marca em Angola

Sociedade angolana deve cinco milhões à massa insolvente. Credores colocam à venda imobiliário para tentar recuperar dinheiro

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PER não abrange negócio da Moviflor em Angola e Moçambique Laura Haanpaa

A fotografia de uma loja da Moviflor em Angola foi partilhada no Facebook e deixou os antigos trabalhadores em estado de alerta. A insolvência da empresa de mobiliário, que mudou de nome para Albará, já levou à venda da marca a um empresário de Aveiro (Armazéns Reis) e do recheio das lojas, mas a sociedade angolana da Moviflor criada pelos mesmos accionistas continua, aparentemente, em funcionamento.

A agora denominada Albará tem uma participação minoritária de 0,5% na empresa angolana que, por sua vez, deve cinco milhões de euros à insolvente. O negócio em África ficou fora do Plano Especial de Revitalização, pedido em Maio de 2013 mas que nunca chegou a ser cumprido. “A maior preocupação dos credores ex-trabalhadores em relação a Angola é perdermos os cinco milhões de dívidas da Sociedade Angolana, neste momento à massa e o facto de a dona da Moviflor continuar a fazer negócios com os dinheiros da Moviflor portuguesa, nomeadamente a venda do terreno de que era detentora a Moviflor SGPS”, diz Lídia Oliveira, representante dos trabalhadores na comissão de credores. A holding detém 75% da Moviflor Angola. Os credores (banca, funcionários e fornecedores) vão agora pedir esclarecimentos aos accionistas.

Pedro Ortins de Bettencourt, administrador de insolvência, esclarece que o registo da marca Moviflor em Portugal não dá a quem a comprou o “direito mundial sobre a mesma”. Por isso, “não há qualquer constrangimento legal à utilização da marca em Angola por uma sociedade angolana”. Quanto aos cinco milhões de euros em dívida, diz que “dificilmente” os credores conseguirão reaver dinheiro tendo em conta a reduzida participação que a Moviflor/Albará tem no capital da empresa de direito angolano.

Depois de ter sido vendida a marca e o recheio das lojas, material de armazém e veículos por 329.300 euros, este Sábado foi publicado um anúncio para a venda por negociação particular de imóveis da empresa em Viseu, Porto e Alverca. Os interessados devem fazer propostas até 13 de Abril.

Entretanto, o Diário de Aveiro avançou que a Armazéns Reis se prepara para abrir, no início do Verão, a primeira loja Moviflor, depois de ter comprado a marca em leilão por menos de dez mil euros. O PÚBLICO tem tentado, sem sucesso, contactar a empresa.

A insolvência da Moviflor já foi considerada culposa pelo administrador judicial que está a acompanhar o processo da empresa de mobiliário. Caso venha a ser qualificada desta forma pelo tribunal, os donos da Moviflor arriscam-se a não poder ter qualquer actividade comercial durante um período de dois a dez anos, ou a ocupar cargos de direcção numa empresa pública ou privada, além de terem de pagar uma indeminização aos credores.

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