Mota Soares diz não ser necessário “ir mais além” na flexibilidade dos salários

Ministro do Emprego contrapõe que o Governo já cumpriu “o que estava previsto” no memorando da troika.

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Com a remodelação governamental, a pasta do Emprego passou para o ministério liderado por Mota Soares Enric Vives-Rubio

O Fundo Monetário Internacional (FMI) quer voltar a discutir com o Governo uma maior flexibilidade nos salários para “restaurar a competitividade” das empresas, mas, ao Expresso, o ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social diz não ver necessidade de serem adoptadas medidas para pressionar os salários.

A posição de Pedro Mota Soares surge por antecipação à chegada da missão da troika a Lisboa, em Setembro, para a oitava e nova avaliações ao programa económico do resgate financeiro, e depois de o FMI insistir numa maior flexibilidade dos salários nominais no sector privado em Portugal.

“Já cumprimos o que estava previsto no memorando, as reformas que fizemos estão a começar a dar os seus resultados e, por isso, estamos convencidos de que não é necessário ir mais além”, afirmou o ministro ao semanário.

No caso do sector público, o Governo já negociou com a troika, na sétima avaliação, uma nova estrutura das remunerações dos funcionários e trabalhadores do Estado e, garante Mota Soares, a posição do Governo é também de rejeição de mais medidas para além daquilo que ficou então acordado.

Depois de o Jornal de Negócios avançar que o FMI publicou, no relatório do último exame regular, uma evolução dos salários em Portugal excluindo milhares de referências a reduções salariais de trabalhadores em 2009 e em 2012, a instituição liderada por Christine Lagarde voltou a defender que a economia portuguesa precisa de maior flexibilidade salarial no sector privado.

Gerry Rice, responsável pelo departamento de comunicação do FMI, referiu, em Washington, na quinta-feira, que a avaliação feita pelo fundo sobre este tema não se baseia apenas num único dado comparativo e adiantou que este será um “tema importante” a discutir com o Governo português e os parceiros europeus na troika, na avaliação que, diz, deverá ter lugar em “meados de Setembro”.

Segundo o Diário Económico de quinta-feira, o FMI já apresentou ao Governo, no final de Junho, um guião de 32 medidas onde propõe baixar o salário mínimo nacional (congelado nos 485 euros desde o Governo de José Sócrates), reduzir o salário mínimo dos trabalhadores mais jovens e eliminar cláusulas de protecção do posto de trabalho de trabalhadores nos quadros.
 
 
 

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