Moscovici diz que défice de 3% não é impossível

Comissário europeu destaca que objectivo pode ser atingido com “melhores condições de crescimento” ou com “medidas adicionais”.

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Pierre Moscovici quer ver os planos orçamentais de todos os países da zona euro

"Obviamente não é inalcançável [Portugal] chegar à meta de 3%" do défice, afirmou esta terça-feira Pierre Moscovici, o comissário dos Assuntos Económicos e Monetários, ao apresentar as previsões económicas da Primavera da Comissão Europeia. O objectivo de 3%, diz Moscovici, pode acontecer devido a "condições de crescimento melhores do que o previsto" ou recorrendo "a medidas adicionais". Em todo o caso "pode ser feito e tem de ser feito".

Esta terça-feira, a Comissão reviu a sua previsão anterior de 3,2% para 3,1% para Portugal, o que, para já, mantém Portugal no âmbito de procedimento por défice excessivo este ano (mais de 3%).

"Quem faz previsões económicas sabe que não há diferença entre uma previsão de 3,1% e 3% [neste tipo de exercícios]", explicou uma fonte comunitária, dado a margem de erro que existe em quaisquer previsões, pelo que "não se pode dizer que as autoridades [portuguesas] fizeram uma previsão imprudente". O Governo tem afirmado que o défice será de 2,7%.

"Retoma cíclica em curso"
"A economia europeia vive actualmente a primavera mais clara dos últimos anos", disse Pierre Moscovici. "Há indicações muito claras hoje de que uma verdadeira retoma cíclica está em curso", disse Moscovici, em conferência de imprensa nesta terça-feira, tomando como exemplo os índices de confiança dos consumidores e dos empresários que "aumentaram fortemente".

O comissário realçou os "ventos favoráveis" que têm beneficiado a economia europeia, com os efeitos acumulados do baixo preço do petróleo, do quantitative easing do BCE e da desvalorização do euro a permitirem que a Comissão melhorasse as suas perspectivas para este ano e o próximo.

Há, no entanto, um país que destoa desta análise de conjunto positiva: a Grécia, cuja economia viu as suas previsões de crescimento para este ano revistas para apenas 0,5%. Há apenas dois meses, a Comissão apostava num crescimento da economia grega de 2,5%. Esta redução drástica deve-se "à incerteza persistente", que tornou "inevitável uma revisão em baixa" das projecções, explicou Moscovici.

E se Bruxelas continua a acreditar numa forte recuperação para 2016 na Grécia, com um crescimento de 2,9% do PIB, o comissário destacou, contudo, que "todas as projecções sobre a Grécia estão sujeitas a um grau elevado de incerteza, dado que as discussões estão em curso". Moscovici encontra-se ainda nesta terça-feira à tarde em Bruxelas com o ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis.

O comissário fez questão de referir os outros países que saem de programa de ajustamento, declarando que "o crescimento deverá manter-se forte na Irlanda e ganhar impulso em Portugal".

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