Moody’s mantém rating de Portugal e vê emissão de dívida como sinal positivo

Agência mantém o rating de Portugal porque o regresso aos mercados é um dos objectivos do programa da troika e vai esperar pela evolução da situação económica.

Foto
A emissão de dívida da semana passada foi festejada pelo Govenro português Miguel Manso

Portugal passou no teste do regresso aos mercados financeiros e, para a agência de rating Moody’s, o facto de ter obtido com sucesso 2500 milhões de euros na recente emissão sindicada de dívida é um sinal positivo, mas não suficiente para subir ou melhorar a perspectiva de rating do país.

Numa nota divulgada nesta segunda-feira, a Moody’s analisa as condições do regresso – parcial e antecipado – de Portugal e da Irlanda aos “mercados de capitais globais” no quadro dos programas de resgate de cada um dos países.

A emissão sindicada de obrigações a cinco anos por parte do Tesouro português, na semana passada, foi a primeira emissão de dívida pública de longo prazo desde que o país está sob intervenção externa, algo que a Moody’s considera – tal como o Governo de Pedro Passos Coelho – um primeiro sinal positivo da melhoria da confiança dos mercados em relação ao país.

O diagnóstico, feito pelo analista da Moody’s Kristin Lindow, é o mesmo para a Irlanda, que já no ano passado ensaiou um regresso antecipado aos mercados.

Tanto o Estado português como o irlandês estão classificados pela Moody’s com uma perspectiva de rating negativa e assim vão continuar. É que, apesar de considerar que a implementação dos programas está a ser bem-sucedida, o regresso aos mercados é apenas uma parte dos objectivos traçados nos respectivos memorandos de entendimento acordados com a troika. Ao mesmo tempo, acrescenta Kristin Lindow, a crise das dívidas soberanas acalmou, mas não está superada. E a diminuição dos riscos nos mercados deve-se ainda ao compromisso do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, em fazer tudo para salvar a moeda única.

Para a agência, as notas de crédito atribuídas a Portugal (Ba3, um nível especulativo, vulgo “lixo”) e à Irlanda (dois degraus acima) são por isso apropriadas, razão pela qual mantém inalterados os ratings das dívidas soberanas. Na semana passada, antes da emissão de dívida, também a Standard & Poor’s emitiu uma nota sobre Portugal, que se mantém com um rating no nível BB (“lixo” financeiro).

Para a Moody’s, há riscos negativos no que toca às projecções para a dívida pública portuguesa, que estarão dependentes das perspectivas económicas. E qualquer progresso – se a economia portuguesa sair da recessão no final de 2013 e crescer nos anos seguintes – será “crucial” para determinar a trajectória do rating.

Quando a Moody’s fala no “regresso aos mercados” refere-se ao regresso dos dois Estados a emissões de dívida de longo prazo no mercado primário, algo que os dois países deixaram de fazer quando as portas dos mercados se fecharam com o agravamento da crise na zona euro que conduziu aos pedidos de resgate.

Outra avaliação positiva da Moody’s é o pedido feito ao Eurogrupo para ser estendida a maturidades dos empréstimos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira aos dois países no quadro do resgate global da UE e do FMI de 78 mil milhões de euros a Portugal e de 67,5 mil milhões à Irlanda.
 
 
 
 

Sugerir correcção
Comentar