Montepio reduz prejuízos para 187 milhões de euros

O banco afirma que, "sem efeitos não recorrentes", o resultado teria sido positivo (87 milhões de euros).

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O Montepio Geral fechou 2014 com um prejuízo de 187 milhões de euros, abaixo dos 298 milhões apurado para o ano de 2013. Sem os "efeitos não recorrentes" que o banco teve que registar no exercício passado, o resultado teria sido de 87,1 milhões de euros, segundo o comunicado que a instituição divulgou hoje no sítio da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A redução dos prejuízos teve vários contributos, o mais importantes dos quais terá sido o comportamento "muito positivo" da margem financeira, que atingiu os 337 milhões de euros, quase 50% acima do valor apurado para o exercício de 2013 e acabou por determinar um acréscimo de 406 milhões de euros no produto bancário, que se fixou em 785 milhões de euros.

As comissões de serviços prestados a clientes atingiram os 109 milhões de euros, assinala a instituição liderada por Tomás Correia, e os resultados de operações financeiras, "fundamentalmente obtidos pela alienação de activos de taxa fixa", cifraram-se em 352 milhões de euros.

Apesar de ter registado "diferenças actuariais negativas no Fundo de Pensões", com um impacto de 115 pontos-base, o rácio Common Equity Tier 1 fixou-se em 8,5, o que fica acima do requisito regulamentar.

No lado operacional, o Montepio assinala um crescimento de 1,4% nos depósitos, que passaram para um total de 14.242 milhões de euros, e um aumento de 0,3% nos recursos totais de clientes, incluindo recursos fora do balanço, para 17.373 milhões de euros.

Quanto ao crédito, totalizou 16.541 milhões de euros (um decréscimo de 0,1%). O banco assinala que, "em resultado da estratégia de diversificação do balanço, o crédito às empresas (excluindo construção) registou um significativo crescimento homólogo de 12,0% e, paralelamente, o crédito hipotecário continuou a sua trajectória descendente: crédito à habitação -6,3% e financiamento à construção -26,5%."

O Montepio adianta que reduziu em 920 milhões de euros o recurso ao BCE, por comparação com 31 de Dezembro de 2013, e revela que os gastos operacionais registaram um ligeiro aumento de 0,5%, decorrente de "uma prudente política de re contenção de custos".

Mudança na liderança não confirmada
Antes de divulgar resultados, questionado pela agência Lusa, o Montepio Geral remeteu para as eleições - ainda sem data marcada - qualquer alteração na instituição financeira e da associação mutualista, escusando-se a confirmar que o ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos seja o próximo presidente executivo do Montepio.

A SIC noticiou na quinta-feira que Teixeira dos Santos deverá ser o novo presidente executivo do Montepio Geral e que o seu nome será votado na próxima segunda-feira na assembleia-geral (AG) da Caixa Económica Montepio, sendo que a proposta foi feita pelo principal acionista do banco, a Associação Mutualista.

Fonte oficial da instituição, questionada pela Lusa, referiu que a Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) "tem em curso, neste momento, um processo de revisão dos seus estatutos", e que, "sendo complexo, decorre das exigências do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, nomeadamente quanto à necessidade de separar os órgãos de administração da Caixa Económica Montepio Geral e do Montepio Geral -- Associação Mutualista".

Assim sendo, o Montepio adiantou que, "uma vez revistos os estatutos e definida a comissão de nomeações, os associados pronunciar-se-ão, nomeadamente em sede de eleições, que não se realizarão em data próxima".

A questão é que existe uma urgência em ajustar o modelo de funcionamento da CEMG à última versão da lei europeia bancária, que obriga a uma separação entre a gestão executiva do Montepio, os órgãos sociais e os accionistas. Assim, o actual presidente do Montepio, António Tomás Correia - que agora acumula os dois cargos - deverá ficar com a presidência da Associação Mutualista e, segundo a SIC, Teixeira dos Santos deverá assumir a presidência executiva do Montepio já na próxima segunda-feira.

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