Ministra das Finanças: "Ter várias opções para a saída do programa é sinal dos progressos feitos"

Em entrevista ao Financial Times, Maria Luís Albuquerque diz não saber se os portugueses preferem uma solução prudente ou arriscada.

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Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças Enric Vives-Rubio

Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças, acredita que o facto de existirem várias opções em cima da mesa para o fim do programa português é um sinal da evolução conseguida desde que Portugal teve de recorrer à assistência financeira e ao empréstimo de 78 mil milhões de euros.

Numa entrevista ao diário britânico Financial Times, Maria Luís Albuquerque defendeu que “é preciso ter em conta o que as pessoas pensam sobre qual será a melhor solução” para o caminho a seguir. “Não sei se os eleitores preferem que sejamos prudentes ou ousados”, disse, questionada pelo jornal de informação económica.<_o3a_p>

A Comissão Europeia confirmou, nesta segunda-feira, que o programa de ajuda termina a 17 de Maio e que a última tranche do empréstimo será paga até 29 de Junho. A extensão técnica está relacionada com o desembolso final do Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira que, por questões processuais, só vai acontecer em Junho, à semelhança do que sucedeu na Irlanda, confirmou à agência Lusa um porta-voz da comissão. A partir de 17 de Maio, não haverá novas missões ou relatórios da troika sobre Portugal.

Sobre as eleições europeias, a ministra das Finanças disse não acreditar num reforço dos votos nos partidos anti-Europa. “Os portugueses não culpam o euro pelos seus problemas”, defendeu.

Maria Luís Albuquerque comentou ainda o regresso da Grécia aos mercados primários. “É importante demonstrar confiança nos mercados”, disse, admitindo que “não inveja” os seus colegas gregos.

Em relação à possibilidade deixada em aberto por Mario Draghi de o Banco Central Europeu (BCE) avançar com um programa expansionista compra de activos na zona euro para estimular a economia e controlar o risco de deflação, Maria Luís Albuquerque entende que se o banco central “tomar medidas não-convencionais de quantitative easing [programa de compra de activos financeiros], o mais útil seria comprar dívida empresarial, em particular, dívida bancária”.

Embora alerte para as debilidades de um período prolongado de baixa inflação — “qualquer coisa que [o BCE faça que] evite a deflação é positiva” —, a ministra das Finanças não acredita que Portugal esteja em risco de enfrentar uma deflação.

No último fim-de-semana, o presidente do BCE mostrou-se preocupado com a forma como o euro se tem valorizado face ao dólar, algo que pode conduzir a uma descida ainda mais acentuada dos preços, agravando o perigo de deflação. E admitiu que novas subidas da moeda única poderão levar o BCE a agir.

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