Ministra das Finanças nomeia directora demissionária para o Tesouro

Elsa Roncon Santos tinha pedido para abandonar o lugar em Julho, mas manteve-se sempre em funções.

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O Governo discute esta semana um novo orçamento rectificativo Daniel Rocha

Demitiu-se em Julho de 2013, alegando razões pessoais, e vai voltar agora ao mesmo cargo que pediu para abandonar. Elsa Roncon Santos foi oficialmente nomeada nesta quarta-feira pela ministra das Finanças para liderar, durante cinco anos, a Direcção-Geral do Tesouro.

Apesar da demissão, que foi ligada à polémica dos swaps e a divergências com Maria Luís Albuquerque, a directora nunca deixou o lugar. O mesmo aconteceu, aliás, com toda a sua equipa, que agora também poderá voltar ao cargo.

No Parlamento, dias depois de pedir para abandonar o cargo que assumiu em 2011 a convite da ministra (então secretária de Estado do Tesouro), Elsa Roncon Santos confirmou que tinha apresentado a demissão a 1 de Julho, no mesmo dia em que se demitiu Vítor Gaspar, alegando “razões pessoais”, perante os deputados que compunham a comissão parlamentar de inquérito aos swaps (produtos de cobertura de risco de variação das taxas de juro).

Em Dezembro, quando as Finanças lançaram um concurso para preencher a vaga que deixou em aberto, a directora demissionária concorreu e acabou na lista de três melhores candidatos ao cargo, após um processo gerido pela Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública.

Também os seus três subdirectores (Maria João Araújo, Bernardo Alabaça e Pedro Ventura) concorreram e foram seleccionados para integrar a short list. Tal como aconteceu com Elsa Roncon Santos, a decisão final sobre a sua reintegração caberá às Finanças.

No despacho publicado nesta quarta-feira em Diário da República, e que tem a data de 7 de Abril, Maria Luís Albuquerque designa Elsa Roncon Santos “para, em comissão de serviço e pelo período de cinco anos, exercer o cargo de director-geral do Tesouro e Finanças (DGTF)”, um organismo que gere activos do Estado, como as empresas públicas e património imobiliário.

A relação entre a ministra das Finanças e a nova directora do Tesouro remonta a 2001, quando esta foi sua superior hierárquica na Refer. Aquando da demissão de Elsa Roncon Santos, especulou-se sobre o facto de a decisão estar relacionada com uma auditoria interna pedida por Maria Luís Albuquerque à DGTF, para averiguar que acompanhamento tinha feito dos swaps.

Soube-se ainda que Elsa Roncon Santos tinha a expectativa de ser nomeada secretária de Estado do Tesouro, quando Maria Luís Albuquerque subiu a ministra, na sequência da saída de Vítor Gaspar. Albuquerque escolheu, no entanto, Joaquim Pais Jorge para ocupar o seu lugar, embora este só tenha resistido um mês fruto da polémica dos swaps, já que veio a público que esteve envolvido, enquanto quadro do Citi, na negociação de derivados sobre a dívida pública com o anterior Governo PS. Pais Jorge foi depois substituído por Isabel Castelo Branco.

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