Metro do Porto resolve dívida urgente, mas ainda tem 280 milhões para pagar até 2014

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Metro do Porto recebeu 100 milhões de euros do Estado em Abril Adriano Miranda (arquivo)

A Metro do Porto vai recorrer ao apoio do Estado para amortizar um crédito de 200 milhões. Tal como aconteceu no início do ano, a transportadora deverá receber um empréstimo do Tesouro, elevando para 300 milhões a assistência prestada pelo accionista.

No entanto, nos próximos três anos, a empresa ainda vai ter de pagar mais 280 milhões de euros a quatro instituições financeiras. E as dívidas de financiamento só chegam ao fim em 2028.

Face à falta de liquidez para pagar um empréstimo que vence já em meados de Agosto, a administração da Metro do Porto esteve reunida na terça-feira com representantes do Governo para encontrar uma solução para pagar 200 milhões de euros ao BNP Paribas. Recorde-se que este crédito só deveria vencer em 2014, mas o banco exerceu a opção de liquidação antecipada.

No final do encontro desta semana, o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, garantiu ao Jornal de Notícias que a dívida de financiamento iria ser saldada dentro do prazo acordado. "O Estado português sempre assegurou o cumprimento integral, atempado e escrupuloso de todas as suas obrigações financeiras (...) e, como tal, irá fazê-lo, no devido tempo, também no caso da Metro do Porto", afirmou fonte oficial da tutela.

Dívidas até 2028

O PÚBLICO apurou que esta operação deverá ser feita através de um empréstimo do Tesouro, tal como já tinha acontecido em Abril. Nessa altura, a transportadora, cujo endividamento cresceu para 2,3 mil milhões de euros em 2010, recebeu 100 milhões de euros para pagar um empréstimo contraído junto do BCP.

Apesar de, à partida, estar encontrada uma solução para a dívida relativa ao BNP Paribas, a Metro do Porto continua sob pressão dos seus credores de financiamento. No próximo ano, tem de amortizar mais 100 milhões de euros, relacionados com créditos do Barclays e do BCP. E, em 2014, terá de libertar mais 180 milhões, devidos ao Deutsche Bank e ao japonês Nomura.

Ou seja, nos próximos três anos, a transportadora, cujos prejuízos subiram para 351,8 milhões de euros em 2010 e que mantém os capitais próprios negativos, terá de pagar um total de 280 milhões de euros a quatro instituições financeiras, muito provavelmente com recurso a apoio do Estado.

Porém, as obrigações financeiras da empresa, liderada por Ricardo Fonseca, vão estender-se até muito mais tarde. Só em 2028 vão chegar ao fim as amortizações. E, até lá, terá de pagar mais 620 milhões de euros de amortizações. Estes financiamentos serviram, essencialmente, para pagar os investimentos no desenvolvimento da rede da Metro do Porto.

Operação melhora

Apesar dos constrangimentos financeiros que a transportadora pública enfrenta, os resultados operacionais melhoraram no primeiro semestre deste ano. Dados cedidos ao PÚBLICO pela Metro do Porto revelam que as receitas subiram mais de dez por cento, fixando-se em 17,2 milhões de euros, e que o número de passageiros transportados aumentou 12 por cento, para praticamente 151 milhões.

Além disso, as despesas operacionais caíram perto de 20 por cento, passando de 23,2 para 18,7 milhões de euros, entre Janeiro e Junho de 2011. Um corte que ultrapassa as exigências impostas às empresas públicas no Orçamento do Estado, que as obrigou a reduzir os custos em, pelo menos, 15 por cento. Com estes resultados, a taxa de cobertura das receitas sobre as despesas subiu para 92,22 por cento, quando, no primeiro semestre de 2010, era de apenas 67,21 por cento.

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