Mercado de trabalho determinante para as decisões da Fed

Depois do BCE, mercados esperam uma clarificação da Reserva Federal sobre o apoio à economia.

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Os responsáveis da Fed, liderada por Janet Yellen, reúnem-se a 16 e 17 de Setembro JONATHAN ERNST/Reuters

Quando daqui a duas semanas a presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed) apresentar em Washington as conclusões da reunião de política monetária, há uma decisão a que os agentes económicos vão estar particularmente atentos: saber se a Fed desce já as taxas de juro.

Determinante para a decisão vai ser a interpretação dada pela Fed à trajectória do mercado de trabalho e da actividade económica num contexto de desaceleração da economia global. Nesta sexta-feira é divulgada a estimativa da taxa de desemprego de Agosto. Será mais um elemento que pode dar algumas pistas sobre os factores de ponderação que os responsáveis da Fed vão ter em conta até à reunião de 16 e 17 de Setembro.

Os dados mais recentes do mercado laboral mostram que em Agosto a criação de emprego – 190 mil postos de trabalho – ficou abaixo do esperado. Ao mesmo tempo foram revistas em baixa as estimativas de Julho, mês em que foram criados 177 mil postos de trabalho, uma diminuição de 8000 face ao valor anteriormente estimado.

Se antes do período de turbulência na China, analistas consideravam que havia uma probabilidade superior a 50% de a Fed subir as taxas de juro de referência já em Setembro (um sinal de que a recuperação da economia deixava margem para começar a diminuir progressivamente os incentivos à dinamização do mercado interno), essa expectativa baixou de forma significativa depois da queda das bolsas em Agosto.

A dúvida que ensombra a Europa aplica-se aos Estados Unidos: saber até que ponto a incertezas em relação à China, e que afectam a economia mundial, vão ser determinantes nas decisões mais imediatas da política monetária. No entanto, a revista britânica Economist lembrava recentemente que a Reserva Federal, no momento de decidir alterações nas taxas de juro directoras, tem normalmente mais em conta os dados da economia interna – em particular a evolução do mercado de trabalho – do que os factores particulares de outras economias. E sublinhava que apenas 8% das exportações dos EUA vão para a China.

Na tradicional reunião dos banqueiros centrais em Jackson Hole, no final de Agosto, o vice-presidente Stanley Fischer afirmou que há “boas razões” para acreditar que a inflação nos EUA vai caminhar para o objectivo de 2%, indiciando que os dados de conjuntura podem levar a uma subida das taxas directoras. O número dois de Janet Yellen deixou, porém, tudo em aberto, não descartando a possibilidade de a decisão ser adiada por causa da agitação recente dos mercados.

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