Mercado automóvel cresceu 24%, com abrandamento na recta final de 2015

Vendas de carros deverão continuar a crescer este ano, mas a ritmo mais lento.

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Os ligeiros de passageiros representam 84% de automóveis vendidos Miriam Lago

O sector automóvel teve em 2015 o terceiro ano de recuperação, com as vendas a voltarem a superar a barreira dos 200 mil veículos, somando ligeiros de passageiros, comerciais ligeiros e veículos pesados de mercadorias e passageiros, segundo o balanço anual publicado nesta segunda-feira pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP).

O ritmo de crescimento das vendas abrandou nos últimos três meses do ano, mas não impediu que se quebrasse aquela barreira, o que já não acontecia desde 2010, o último ano positivo antes da forte queda do mercado, a que agora se seguiu já uma fase de recuperação.

Ao todo, foram vendidos 213.645 automóveis em 2015, o que representa um crescimento de 24% em relação ao ano anterior, em que o mercado tinha subido a um ritmo de 36%. Ano a ano, as vendas têm vindo a subir. De um mínimo de 113,4 mil veículos em 2012 as vendas passaram para 126,6 mil no ano seguinte e para 172,3 mil em 2014, antes de chegarem a 213,6 mil no último ano.

Os números divulgados pela ACAP mostram, porém, que o mercado ainda está “11% abaixo da média dos últimos 15 anos”, na ordem dos 240 mil automóveis. E ainda não houve uma recuperação “para valores considerados normais para a dimensão do país”.Nos veículos ligeiros, o principal segmento do mercado, as vendas apresentaram em 2015 um crescimento de 25%. Foram comercializados 178.496 carros novos, com a Renault a liderar como marca mais vendida, seguida da Volkswagen e da Peugeot.

O crescimento das vendas foi irregular de Julho em diante. E se na primeira metade do ano o segmento dos ligeiros de passageiros crescia a um ritmo acima de 30% em relação ao mesmo período do ano anterior, o balanço dos últimos seis meses do ano foi menos positivo, com um crescimento homólogo de 16%, sobretudo por causa do desempenho do último trimestre. Em Agosto e Setembro as vendas ainda cresceram 22% e 30%, mas nos três meses seguintes registou-se uma desaceleração, para 16%, 13% e 10% respectivamente.

Este desempenho coincidiu com uma diminuição de confiança dos consumidores. Segundo o inquérito de conjuntura do Instituto Nacional de Estatística, “as opiniões sobre a realização de compras importantes agravaram-se em Outubro e Novembro, após recuperarem nos dois meses anteriores”.

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O secretário-geral da ACAP, Hélder Pedro, sublinha que em 2014 o mercado tinha recuperado progressivamente “ao longo do ano”, daí que seja mais notória a desaceleração nos meses mais recentes. Em termos globais, diz, o mercado está a estabilizar e é essa a previsão da ACAP para 2016. “A expectativa é que haja um crescimento do mercado, mas muito abaixo em termos percentuais aos valores de 2015”. O mercado deverá ficar de novo acima das 200 mil veículos vendidos, “mas ainda longe desse pico de 2010” antes da quebra do mercado.

A Renault vendeu 20.447 unidades (ligeiros de passageiros), crescendo 25,3% em relação a 2014. Manteve-se como a marca que mais vendeu neste segmento, com uma quota de 11,46%. Já a Volkswagen vendeu 16.900 carros, um aumento de 21% em relação às 13.873 unidades comercializadas em todo o ano de 2014.

Já o conjunto das quatro grandes marcas do Grupo Volkswagen (Volkswagen, Skoda, Audi e Seat) registou um crescimento de 17,7%, totalizando 36.360 ligeiros vendidos no mercado português. Não é clara a ligação entre o desempenho das diferentes marcas e o eventual impacto nas vendas da descoberta de software fraudulento em milhões de carros a gasóleo do grupo. 

O comportamento de cada marca tem sido distinto de mês para mês. Por exemplo, as vendas da Volkswagen, da Skoda e da Audi caíram em Dezembro (-7,6%, -4,9% e -4,3%) face ao período homólogo depois de estarem a crescer nos dois meses anteriores, mas o contrário aconteceu com a Seat, em que depois de quedas homólogas em Outubro e Novembro teve em Dezembro uma subida expressiva (21%). E o mesmo aconteceu com outras marcas concorrentes, que também viram as vendas descer no último mês do ano – aconteceu com a Toyota, a Peugeot e a Citroën, por exemplo.

Os quase 178.500 ligeiros de passageiros perfazem 83,5% das vendas. Os comerciais ligeiros (30.856) cresceram a um ritmo abaixo da média, apresentando uma variação de 17,9%. Nos pesados, que têm um peso de apenas 2%, foram vendidas 4293 unidades, das quais 239 de pesados de passageiros.

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