Mário Soares acusa Cavaco e Governo de só pensarem no que é preciso pagar

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Soares: "Não é só a economia que conta para as pessoas"

O antigo Presidente da República Mário Soares afirmou nesta quinta-feira que o problema de Portugal é que "o Presidente da República e o Governo só pensam no que é preciso pagar" e que "o social desapareceu".

"Não é só a economia que conta para as pessoas. A economia conta para os mercados e, nos estados, o que conta são as pessoas. No nosso país, o que se passa é que o Governo e o Presidente da República só pensam realmente naquilo que é preciso medir, em como é que vamos pagar… e o social desapareceu, mas as pessoas não desapareceram", afirmou.

Mário Soares, que falava num debate promovido hoje pela fundação com o seu nome, disse que "é muito possível que as coisas se possam modificar" e reiterou ser um "defensor da Europa e da moeda única, que continua a ser uma moeda forte".Na conferência, o economista João Ferreira do Amaral afirmou que a solução para Portugal passa pela saída do euro, um caminho com que o deputado socialista João Galamba discorda, defendendo uma "saída em bloco" de alguns países.

O professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) Ferreira do Amaral entende que as atuais políticas seguidas "não dão resultado nem podem dar", porque "o problema de base é a estrutura produtiva do país" e as medidas adoptadas "não vão à raiz do problema".

"Não considero possível que Portugal tenha crescimento económico se se mantiver dentro de um espaço que tem uma moeda muito forte", afirmou o economista, acrescentando que Portugal "tinha toda a vantagem em sair do euro", ainda que "de forma controlada".

Já o deputado socialista João Galamba diz continuar a acreditar na ideia fundadora do projecto europeu, mas refere que "esta União Europeia como está hoje constituída, um cavalo de Tróia neoliberal, é que é insustentável".

Referindo que "há um conjunto de países com problemas semelhantes aos de Portugal", como Espanha, Itália e França, João Galamba disse esperar que haja "condições para criar hoje um pólo de oposição aos países credores, que permita pelo menos criar a expectativa de uma transformação significativa da moeda única".

"[A solução passa por] tentar em bloco desmantelar a zona euro. Como ela está, não é sustentável. Mas Portugal sair sozinho também não me parece ser a solução", acrescentou.

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