Maria Luís: "É inaceitável dizer que não fizemos nada"

Ex-ministra das Finanças diz que há dúvidas a esclarecer e defendeu comissão de inquérito parlamentar.

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Maria Luís Albuquerque perguntou sobre as medidas adicionais Miguel Manso

A ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, afirmou nesta segunda-feira em entrevista à TVI que há um “conjunto de dúvidas que terão de ser esclarecidas” quanto à situação do Banif e apoiou a criação de uma comissão de inquérito parlamentar.

Maria Luís admitiu que a situação do banco “não estava óptima” quando assumiu a pasta, “mas degradou-se muito nas últimas semanas”. A antiga ministra sublinhou que o Governo de Pedro Passos Coelho tentou, “ao longo do tempo, encontrar compradores para o Banif”, o que “nunca foi possível”. E lembrou que a “viabilidade [da instituição] foi sempre posta em causa pela Comissão Europeia”.

Afirmando que este era um banco “claramente mais frágil”, Maria Luís Albuquerque admitiu que tem “um conjunto de dúvidas que terão de ser esclarecidas”. “Espero que haja acordo entre partidos para uma comissão de inquérito”, disse.

A deputada disse ainda que ficou "surpreendida" quanto aos montantes apresentados e tem "dúvidas" quanto à sua" repartição entre o sistema financeiro e os contribuintes"."Fiquei surpreendida com estes números. Não tive informação que me permitisse chegar a esta escala de valores", disse, acrescentando:"Tenho esperança que isto seja esclarecido em sede própria".

A ex-ministra lembrou que, apesar de o plano de reestruturação não estar aprovado, o mesmo “foi posto em marcha”, nomeadamente com redução de balcões. “Não houve inacção, fizemos oito tentativas de plano de reestruturação”, defendeu.

“A importância sistémica de um banco depende das circunstâncias. O governo actual parece ter entendido que o banco tinha uma importância sistémica”, comentou, acrescentando que “a estabilidade financeira é matéria da maior relevância e foi isso que levou o banco a fazer uma recapitalização financeira”.

Maria Luís Albuquerque defendeu que todas as propostas dos seis interessados devem ser tornadas públicas. E recusou críticas à sua actuação enquanto ministra das Finanças. "É inaceitável dizer que não fizemos nada", disse, lembrando que foi a autoridade de regulação que tomou a decisão de vender o banco. "Houve múltiplas tentativas para vender o banco, o que era preferível. A resolução é sempre em último recurso e é da responsabilidade do Banco de Portugal. Não é um momento que se escolha, só é possível quando não há outras soluções que permitam que um banco seja viável", disse.

"Nenhum Governo escolhe o momento da resolução de um banco, porque não cabe a um governo escolher", disse. "O ideal é que nunca tenha de haver resoluções. Isso é um trabalho contínuo da supervisão e passa muito pelo mecanismo único de supervisão europeu."

Questionada sobre a actuação do Banco de Portugal, a antiga ministra disse ainda que há "claramente um problema de supervisão". Contudo afirmou: "Não tenho qualquer razão para retirar a confiança ao Governador do Banco de Portugal".

 

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