Mais uma cimeira da zona euro

A Europa entrincheirada na inflação baixa e no desemprego elevado, com crescimento anémico, vive uma situação de emergência. A realidade não se esconde. A perplexidade vai para o optimismo dos mercados financeiros, face aos riscos que ameaçam a Europa. Na geopolítica deterioram-se as relações com a Rússia, intensificam-se conflitos na Ucrânia, na Líbia, em Gaza, na Síria e no Iraque, surge e expande-se o "califado islâmico". Na frente económica, agravam-se desequilíbrios entre periferias e economias centrais. A dívida acumula-se, sobretudo a soberana, corolário dos choques financeiros. O Banco Central Europeu corre o risco de esgotamento dos instrumentos disponíveis. Reduções das taxas de juro, complementadas por compra de dívida visam injectar liquidez na zona euro. Porém, a liquidez não se transforma em crédito às empresas se a recessão estiolar as oportunidades de negócio. Reclamam-se soluções! Reformas estruturais sim, não apenas no mercado de trabalho, também na educação, na inovação e sobretudo na política monetária a favor do crescimento, na coordenação económica a favor do consumo, e, acima de tudo, mais investimento de longo prazo. É urgente completar a união bancária, com disciplina fiscal sensível às questões sociais. Que a próxima cimeira da zona euro não fuja à realidade e não venha, uma vez mais, a marcar com chavões o imobilismo conservador.

Economista

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