Os alemães estão maioritariamente contra os planos de salvamento da zona euro, nomeadamente no que respeita à compra de dívida pública pelo BCE e ao futuro Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), segundo duas sondagens publicadas hoje.

Segundo uma sondagem realizada pela cadeia pública DeutschlandTrend, a compra de obrigações soberanas pelo Banco Central Europeu (BCE) é rejeitada por 50% dos alemães – 13 % são favoráveis e 36% dizem que não sabem avaliar.

Por outro lado, quando o Tribunal Constitucional se prepara para anunciar, na quarta-feira da próxima semana, uma muito aguardada decisão relativa a queixas que visam bloquear a entrada em funcionamento do MEE, 54% dos alemães inquiridos esperam que ela dê razão aos queixosos, segundo uma sondagem YouGov para a agência DPA. Apenas 25% desejam que a mais alta instância alemã rejeite os pedidos dos queixosos.

A ratificação na Alemanha do MEE – que deverá suceder ao actual Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, o actual fundo provisório de resgate dos países europeus em dificuldades – está pendente da decisão do Tribunal Constitucional. Inicialmente, previa-se que o MEE entrasse em vigor em Julho passado, com uma capacidade financeira de 500 mil milhões de euros – 80 mil milhões em capital e o resto em garantias.

O caso da Grécia continua a suscitar forte hostilidade na Alemanha: uma saída de Atenas da zona euro seria saudada por 42% dos inquiridos, e 30% consideram que seria uma má opção, segundo a mesma sondagem.

Além disso, 53% dos alemães dizem-se contrários a novas transferências de competências nacionais para a UE (23% são favoráveis), que são no entanto pedidas pelo actual Governo alemão.

A sondagem da YouGov foi realizada entre segunda e quarta-feira desta semana junto a uma amostra de 1004 pessoas inquiridas na internet. O inquérito da DeutschlandTrend foi realizado junto de um painel de 1503 pessoas, segunda e terça-feira, ainda antes do anúncio de ontem pelo BCE de que está disponível para comprar, sem limites, dívidas de curto e médio prazo de países em dificuldades que se submetam a programas de condicionalidade depois de pedirem a intervenção do MEEF/MEE.