Lucros trimestrais do Santander Totta disparam 112,7%

António Vieira Monteiro diz que o Santander Totta está a "analisar" o Novo Banco: "Mas estamos longe de poder dizer se vamos concorrer ou não".

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Santader está a "ver o que se passa” com o Novo Banco, disse António Vieira Monteiro Pedro Cunha

Nos primeiros três meses de 2016, o Santander Totta apresentou lucros de 114,5 milhões de euros (mais 112,7% face ao mesmo período do ano anterior), com o Banif a contribuir com três milhões de euros, o que foi classificado pela instituição de “impacto marginal”.  

Na conferência de imprensa de apresentação das contas trimestrais, António Vieira Monteiro, presidente da filial portuguesa do grupo espanhol Santander, disse que o banco estava a “ver o que se passa” com o Novo Banco. Já “houve alguns contactos” e “estamos atentos a tudo e a analisar” mas “estamos longe de poder dizer se vamos concorrer ou não.”

Sobre o financiamento de 1766 milhões de euros que o Santander concedeu ao Estado português nos dias a seguir à aquisição do Banif, Vieira Monteiro referiu que se tratou de “uma opção” e “que podia [ou não] ser concretizada". “Essa opção [compra da dívida pública nacional] estava nas duas propostas”, a que foi apresentada “no concurso” de compra [que não foi concluído] e “na resolução” que culminou com a venda do Banif ao Santander. Um esclarecimento que contraria o que foi dito pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, na comissão parlamentar de inquérito ao Banif, onde Vieira Monteiro irá também na próxima semana. De acordo com Mário Centeno a operação foi "negociada posteriormente à resolução”, não se tratando de uma contrapartida negociada no quadro da venda da instituição ao Santander.

Aliás, grande parte da conferência de imprensa de divulgação das contas trimestrais do Santander Totta foi ocupada com esclarecimentos à volta da aquisição do Banif, a 20 de Dezembro, e que permitiu ao banco passar a ter uma quota de mercado de 15%. O banco salienta que o negócio teve um impacto negativo nos custos operacionais que subiram 23,3% para 144 milhões de euros – com a absorção de 1100 trabalhadores e de 150 agências. As carteiras de crédito (subiu 28,5%) e de depósitos (23,3%) beneficiaram com o negócio, com o produto bancário a expandir-se em 38,9%, cifrando-se agora em 315,9 milhões, enquanto a margem financeira aumentou 26,8%. Já as imparidades e provisões líquidas caíram 58,5%. Para Vieira Monteiro a compra do Banif teve também como efeito a redução do capital, com o rácio de referência a fixar-se em 15%, quando em 2015 estava em 15,4%.

O presidente do Santander Totta surgiu ainda a desmentir o anterior presidente Banif, Jorge Tomé, que na CPI declarou que em Novembro (um mês antes da resolução) colaboradores do grupo espanhol tentaram atrair clientes com o argumento de que o banco estava com “dificuldades financeiras”. "Não houve ninguém a fazer essas propostas e comentários. Isso não se passou. Está documentado por escrito.”

“Temos uma estratégia e, em devida altura, defenderemos a nossa posição e aquilo que são os nossos direitos”, disse Vieira Monteira quando interrogado sobre o diferendo judicial que o Santander trava com o Estado português a propósito dos contratos swaps  celebrados com empresas públicas (Metropolitano de Lisboa, Carris, Metro do Porto e  STCP) que não os reconhecem como válidos.

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