REN à espera de pareceres para decidir se contesta taxa extraordinária

Contribuição sobre o sector energético tirou 12,5 milhões de euros ao lucro semestral da empresa liderada por Rui Vilar.

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O presidente da empresa, Rui Vilar, destacou a “melhoria do resultado líquido recorrente e a descida do custo médio da dívida” Rita Baleia

A REN está à espera de pareceres para decidir se vai contestar juridicamente a contribuição extraordinária sobre o sector energético, que deverá custar cerca de 25 milhões de euros à empresa e que teve um impacto de 12,5 milhões de euros no resultado semestral. “Continuamos a proceder à análise no plano jurídico. Ainda estamos a aguardar pareceres que pedimos", disse o presidente da REN, Rui Vilar, nesta quinta-feira quando questionado, na conferência de imprensa de resultados semestrais, sobre um eventual recurso aos tribunais.

O resultado líquido da REN caiu 9% no primeiro semestre do ano, para 58,3 milhões de euros. Segundo a empresa, as contas foram penalizadas “essencialmente pela contribuição especial sobre o sector energético definida pelo Orçamento de Estado para 2014”, já que a REN reflectiu nas contas semestrais uma parcela de 12,5 milhões de euros do pagamento total.

No comunicado de divulgação de contas, a empresa assegura que “está a analisar o tema nas suas diversas vertentes com o intuito de salvaguardar os direitos da empresa e dos seus stakeholders”. Na conferência de imprensa, o gestor explicou que a empresa não está pressionada pelo tempo para decidir se avança para tribunal, uma vez que o pagamento da contribuição só é devido no final de Outubro. Sobre a manutenção futura desta contribuição extraordinária, Rui Vilar limitou-se a dizer que a ministra das Finanças “disse em conferência de imprensa que seria repetida em 2015” e que a REN irá “aguardar pela publicação do OE para saber”.

Excluindo o impacto da taxa, o resultado líquido recorrente da REN cresceu 16,8%, para mais de 72 milhões de euros, suportado pela melhoria do resultado financeiro. Uma evolução que “reflecte a solidez e capacidade de geração da empresa ao nível dos resultados”, disse o administrador financeiro, Gonçalo Morais Soares, que também destacou “o resultado da estratégia de financiamento da empresa”. A dívida líquida da REN recuou 46,9 milhões de euros, para um total de 2452 milhões, e o custo médio da dívida diminuiu 4,75% face aos 5,65% do primeiro semestre de 2013.

O lucro antes de juros, impostos, amortizações e depreciações (EBITDA) desceu 3% para 252,2 milhões, influenciado em parte pela quebra na remuneração dos terrenos hídricos, que no primeiro semestre do ano passado foi de quase quatro milhões de euros e, neste semestre, rondou os 100 mil euros. Pela positiva destacou-se o efeito da expansão da remuneração da base de activos regulados, que teve um impacto de 1,5 milhões de euros, e a redução de custos, de 6,9%, para 48,9 milhões de euros.

Questionado sobre a crise no Grupo Espírito Santo (GES), o presidente da REN reconheceu que há motivos para apreensão. “Hoje o Governo já reconheceu que esta crise vai ter um impacto negativo na economia portuguesa e, como cidadão, partilho dessa preocupação", afirmou Emílio Rui Vilar. O gestor sublinhou, contudo, que a REN não tem qualquer exposição ao GES e que “tem uma relação normal” com o BES, que não é “o maior banco” da REN. Também notou que não espera qualquer impacto da crise do GES na empresa, visto que a REN, controlada pelos chineses da State Grid e pelos omanitas da Oman Oil, opera num sector regulado.

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