REN já está a preparar contestação à CESE

Contribuição extraordinária sobre o sector energético (CESE) reduziu resultado líquido da REN em 25 milhões de euros, para 112,8 milhões.

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Rodrigo Costa lidera a REN PÚBLICO/Arquivo

Tem “erros de concepção” e “sofre de algum erro de equilíbrio” na proporção em que afecta os resultados da REN em comparação com os de outras empresas do sector. As palavras são de Rodrigo Costa, o gestor escolhido para a liderança executiva da REN, e dizem respeito à contribuição extraordinária sobre o sector energético (CESE), que custou à REN 25 milhões de euros em 2014 e fez cair o resultado líquido em 7%, para 112,8 milhões.

A REN já anunciou que vai contestar a taxa e Rodrigo Costa diz que o processo está em curso e os advogados estão a fazer o seu trabalho: “Estamos bem preparados para fazer valer os nossos pontos de vista e achamos que temos razão”.

Em termos operacionais, a redução da remuneração dos terrenos hídricos explicou a queda de 3,1% do resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA), para 505,2 milhões, num ano em que a empresa voltou a reduzir custos (menos 4%, para 106 milhões).

O investimento totalizou 163,3 milhões de euros, abaixo do valor de referência anual de 200 milhões, já que a REN está ainda a aguardar que o Governo dê luz verde à aquisição das cavernas de armazenamento de gás da Galp, por 71,7 milhões. O negócio foi anunciado em Julho, recebeu aprovação da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) e da Autoridade da Concorrência (AdC), mas continua sem o OK do Governo. “Fizemos tudo o que estava nas nossas mãos”, comentou Rodrigo Costa. O  negócio fará da REN a detentora de todas as infra-estruturas subterrâneas de armazenamento de gás.

Em 2014, o valor médio da base de activos regulados da REN melhorou 38,4 milhões de euros e atingiu 3,529 mil milhões de euros. 

Rodrigo Costa prometeu para breve novidades relativamente à estratégia da empresa, incluindo sobre a internacionalização (a REN chegou a analisar oportunidades no Peru e Chile). “É difícil encontrar um projecto que seja bom. Analisámos muitos, mas nenhum nos convenceu”, afirmou, dizendo que a empresa continua “a trabalhar em várias frentes”. Rodrigo Costa não se quis comprometer com a data em que será apresentado este novo plano estratégico.

Apesar da subida de 1,4% da dívida líquida (para 2436 milhões de euros) em 2014, o custo médio da dívida caiu de 5,5% para 4,7%, graças ao processo de refinanciamento. "O aumento da dívida está totalmente dentro das nossas previsões e o mais importante é a redução do custo médio da dívida e a melhoria de todas as métricas de crédito junto das agências de rating", destacou o administrador financeiro da REN, Gonçalo Morais Soares.

O responsável sublinhou que a empresa soube "aproveitar a melhoria das condições financeiras do país como um todo, mas também fez muito trabalho próprio" para reduzir os custos de financiamento. No ano passado a empresa obteve do Bank of China aprovação para um empréstimo de 200 milhões de euros a cinco anos e do Banco Europeu de Investimento um novo financiamento a longo prazo também de 200 milhões de euros, tendo ainda renegociado quatro programas de papel comercial, num valor de 650 milhões de euros. 

A REN, cujo processo de privatização ficou concluído em 2014, é detida maioritariamente pelos chineses da State Grid e pelos omanitas da Oman Oil e vai propor à assembleia geral de accionistas um dividendo de 17,1 cêntimos por acção, em linha com o exercício anterior.

 


 


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