Lloyds paga 275 milhões em multas por manipulação da Libor
Banco vai ainda indemnizar Banco de Inglaterra por manipular taxa de um sistema de apoio à banca.
O britânico Lloyds Banking Group vai pagar cerca de 275 milhões de euros em multas, por ter tentado manipular a Libor, um indexante semelhante à Euribor, usado para calcular os juros de inúmeros produtos financeiros, bem como por manipular a taxa de um sistema de apoio à banca no Reino Unido.
O Lloyds junta-se à já longa lista de instituições financeiras que pagaram multas milionárias aplicadas no âmbito de uma investigação conjunta dos reguladores britânico e americano ao caso que ficou conhecido como o “escândalo da Libor”.
A Libor, usada sobretudo nos mercados anglo-saxónicos e asiáticos, é a taxa média dos juros a que os bancos emprestam dinheiro uns aos outros e é calculada com base nos valores que cada banco diz estar a pagar. As autoridades descobriram que alguns bancos combinavam a taxa que comunicavam para o cálculo da Libor – a estratégia era comunicar taxas abaixo do valor real, para dar a ideia de uma maior facilidade de acesso a crédito e maior solidez financeira. Os valores comunicados começaram a chamar a atenção das autoridades britânicas já em 2005.
O banco britânico pagará também uma indemnização de 7,8 milhões de libras ao banco central inglês, o Banco de Inglaterra, por ter manipulado as taxas de pagamento de um sistema de liquidez criado em 2008 e que permitia aos bancos trocarem activos financeiros por dívida pública, que podiam depois vender mais facilmente. Na prática, era um empréstimo com dinheiro dos contribuintes.
O Lloyds, presidido pelo português António Horta-Osório desde 2011 (data posterior aos factos que levaram às multas), vai pagar 105 milhões de libras à Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido (dois terços dos quais devido ao caso do sistema de apoio à banca), bem como 105 milhões de dólares à comissão americana responsável pelos mercados de futuros e outros derivados, e ainda 86 milhões de dólares ao Departamento de Justiça dos EUA.
Em comunicado, Horta-Osório afirmou que “o comportamento identificado por estas investigações é absolutamente inaceitável”. O banqueiro acrescentou que a instituição tem “adoptado medidas vigorosas para prevenir este tipo de comportamento”.
Para além do Lloyds, já foram multados, entre outros, o britânico Barclays (que teve um papel proeminente no caso), o Royal Bank of Scotland, o Swiss Bank, o holandês Rabobank, o suíço UBS, o alemão Deutsche Bank, o francês Societé Générale e os americanos JP Morgan e Citygroup. Algumas das multas foram aplicadas pela Comissão Europeia, que qualificou as práticas como sendo as de "um cartel ilegal".