Lesados do BES: exclusão da Anbang é “primeira medida sensata” de Carlos Costa

O Banco de Portugal anunciou que as negociações com a Anbang para a venda do Novo Banco fracassaram.

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Manifestação dos lesados do BES, a 27 de Agosto, em Lisboa Bruno Lista

A Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC) classificou nesta terça-feira o fim da negociação com a Anbang para a venda do Novo Banco como "a primeira medida sensata" do Banco de Portugal desde a resolução do BES.

"Esta é a primeira vez desde a resolução [do Banco Espírito Santo a 03 de agosto de 2014] que o Banco de Portugal [BdP] toma uma medida sensata", disse à agência Lusa o director da área de Lisboa da AIEPC, Nuno Lopes Pereira, depois de o supervisor ter anunciado que terminou sem acordo o período de negociação com o potencial comprador do Novo Banco.

Nuno Lopes Pereira afirmou que os valores propostos pela chinesa Anbang, apontada como a potencial compradora do Novo Banco, eram de tal forma baixos que seriam um "suicídio" para Portugal, para o banco, para todos os bancos que estão "reféns" do fundo de resolução e para os contribuintes, através da Caixa Geral de Depósitos.

O responsável disse que os chineses tentaram baixar os valores, tendo em conta os problemas no balanço do banco português.

A quarta fase de negociações de venda do Novo Banco iniciou-se a 19 de agosto, correspondendo à negociação individual com a Anbang, que tinha apresentado a melhor proposta na fase anterior, segundo a imprensa.

Com o fracasso das conversações hoje anunciado, o BdP vai "convidar para negociações" a proposta qualificada em segundo lugar que, segundo a imprensa, é a do fundo norte-americano Apollo. A terceira proposta pertencerá aos chineses da Fosun.

"Isto [falha das negociações com a Anbang] é a esperança de que o Apollo consiga fazer uma proposta mais decente", manifestou Nuno Lopes Ribeiro, não escondendo os receios de que agora também o fundo norte-americano tente "jogar com fortes saldos" ao saber-se da crise na China.

A associação considera que o BdP "não sabe vender bancos" e espera que, "se a próxima proposta for muito má", o supervisor "siga as boas práticas europeias", nomeadamente as existentes Inglaterra, e "tente pôr o banco a funcionar".

"Talvez neste momento, se tudo correr mal, se volte atrás e se procure pôr o banco saudável e igual às práticas saudáveis europeias", disse. O Banco Espírito Santo (BES), tal como era conhecido, acabou a 3 de Agosto de 2014, quatro dias depois de apresentar um prejuízo semestral histórico de 3,6 mil milhões de euros.

O BdP, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os activos e passivos de qualidade num “banco bom”, denominado Novo Banco, e os passivos e activos tóxicos, no BES, o “banco mau”, que ficou sem licença bancária.

Na segunda-feira, o Novo Banco divulgou que registou prejuízos de 251,9 milhões de euros no primeiro semestre mas, excluindo factores de natureza não recorrente, o resultado foi negativo em 188,9 milhões de euros.

Entre os factores de natureza não recorrente estão a imparidade relativa à Pharol SGPS/Oi, no montante de 55,4 milhões de euros, a reavaliação de passivos, de 59,4 milhões de euros, as provisões para outros activos e contingências, de 59,4 milhões de euros negativos, e os custos com reformas antecipadas e indemnizações, de 7,6 milhões de euros.

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