Juros de Portugal caem de novo em leilão de dívida de curto prazo

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Foto: Pedro Cunha

O Estado obteve hoje três mil milhões de euros nos mercados financeiros – o montante máximo previsto – em leilões de curto prazo com taxas de juro em queda, apesar do recente corte da nota de crédito pela agência Moody's.

Foram colocados 1500 milhões de euros a um ano, a uma taxa média de 4,943%, e com uma procura de 2,1 vezes o montante colocado. A ultima operação semelhante decorreu há cerca de um mês, com um leilão de títulos a 11 meses pelo qual Portugal pagou 4,986% – valor muito semelhante para um prazo mais curto, o que teoricamente implica uma taxa um pouco mais alta a um ano.

Na operação a seis meses foram emitidos 1200 milhões de euros com uma taxa média de 4,332%, uma queda de 3% face aos 4,463% pagos há duas semanas, e com a procura em queda ligeira (2,5 vezes a oferta agora, face a 2,64 vezes antes).

A emissão de bilhetes a três meses colocou um montante de apenas 300 milhões de euros, com uma taxa média de 3,845%, face a 4,068% há duas semanas, o que representa uma queda de 5,5%.

Nas emissões anteriores, a tendência de queda de juros já se tinha feito sentir. O IGCP tinha anunciado na semana passada que pretendia obter 1500 a 2000 milhões de euros no leilão de hoje, mas ontem reviu em alta este intervalo, para 2500 a 3000 milhões.

O facto de Portugal estar sob assistência financeira da troika permite ao país ir ao mercado para operações de curto prazo, que vençam ainda durante a vigência do actual programa, pois os credores não esperam que haja bancarrota nesse período.

Por outro lado, a baixa das taxas de juro é uma tendência europeia que tem resultado da cedência ilimitada de liquidez a três anos pelo BCE à banca da zona euro, com juros baixos, o que está a fazer aumentar o apetite da banca por dívida pública dentro deste prazo, e por essa via a pressionar as taxas para a baixa, o que se está a revelar mais forte que as notas de crédito das grandes agências dos EUA.

O gestor do mercado de dívida do Banco Carregosa, Filipe Silva, destaca que a “grande tendência revelada por estas operações é a de que o risco de Portugal está a baixar”, estando o Estado a “optar por emitir mais dívida num prazo mais longo, ou seja, o Estado prefere ganhar tempo, emitindo maior montante a 12 meses, mesmo pagando uma taxa mais alta”.

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