Jornalistas do Financial Times anunciam nova greve de 24 horas

A realizar-se, será a primeira em 30 anos. Sindicato diz que negociações com os novos donos da Nikkei sobre alterações ao fundo de pensões fracassaram.

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REUTERS/Peter Nicholls

Não é a primeira vez que os jornalistas do Financial Times anunciam que vão partir para a greve. Um protesto tinha já sido declarado em Novembro, mas o sindicato acabou por recuar, para que novas negociações com a administração tivessem lugar.

Passado pouco mais de dois meses, os jornalistas do Financial Times voltaram a aprovar uma greve de 24 horas contra alterações no fundo de pensões. O anúncio que dá conta da primeira greve em três décadas na publicação foi feito nesta terça-feira pelo National Union of Journalists (NUJ), o sindicato de jornalistas do Reino Unido.

“Os jornalistas do Financial Times estão prontos para uma greve de 24 horas, a primeira em 30 anos, uma vez que fracassaram as negociações sobre a recusa da administração em honrar os compromissos assumidos sobre as pensões na sequência da venda do jornal à Nikkei”, avança o NUJ.

O sindicato acusa o grupo japonês Nikkei, que comprou o Financial Times por 1195 milhões de euros no ano passado, de faltar aos compromissos assumidos aquando a aquisição.Tal como aconteceu em Novembro, em causa está o “roubo de pensões”, como lhe chama o sindicato, embora desta vez os contornos tenham evoluído.

Os jornalistas criticam “a recusa em oferecer condições equivalentes a todos os tipos de pensões” e defendem que a administração deve “honrar os seus compromissos de oferecer termos e condições semelhantes para todos após a aquisição pela Nikkei”. Ainda assim, refere o comunicado, o sindicato não exclui novas conversações, caso seja proposto “um acordo melhorado”.

Uma porta-voz da administração do FT disse ao Guardian que a proposta em cima da mesa, ao contrário da interpretação do sindicato, “alcança o equilíbrio certo e justo para o Financial Times e os seus trabalhadores”, realçando que as condições estão “entre as melhores oferecidas em qualquer parte”. 

O dia da paralisação ainda não foi anunciado, mas a AFP cita um porta-voz do sindicato que aponta o protesto para a próxima semana. O grupo japonês ainda não se pronunciou.

No final de Outubro, a forma de protesto foi votada num referendo com 92% de aprovação, que contou com a participação de cerca de dois terços dos jornalistas sindicalizados do jornal. A greve acabou por ser adiada devido a uma nova ronda negocial, mas, segundo o comunicado do sindicato desta terça-feira, foi tomada a opção de avançar com o protesto depois de a administração ter informado de que não haveria “mais margem de manobra”.

O anterior motivo avançado pelo sindicato prendia-se com a retirada de quatro milhões de libras (5,7 milhões de euros) do fundo de pensões do jornal em 2016 para os alocar para o pagamento da renda do edifício sede e para fazer face a outros custos que o comunicado do sindicato não especificava.

O grupo Nikkei anunciou a compra do prestigiado jornal britânico em Julho de 2015. A publicação encontrava-se há seis décadas nas mãos do grupo Pearson. No negócio não foi incluída a sede do jornal, em Southwark Bridge, Londres, que continua na posse dos antigos donos do Financial Times.

A Pearson, que chegou a ser um grande conglomerado, veio a reduzir o campo de actuação para se concentrar na actividade editorial relacionada com educação.

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