Jimmy Choo vai colocar um pé na Bolsa de Londres

Marca de sapatos de luxo dispersa 25% do capital já em Outubro e tem planos para reforçar lojas na China

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O fundador, Jimmy Choo, já não está na empresa de calçado de luxo REUTERS/Nicky Loh

A Jimmy Choo, marca de sapatos de luxo idolatrada por Hollywood, vai chegar à Bolsa de Londres em Outubro. A dispersão de 25% do capital no mercado londrino pode valorizar a empresa britânica em 700 milhões de libras (890 milhões de euros) que, com este passo, se tornará na primeira marca exclusivamente dedicada ao calçado de luxo a estar cotada.

As taxas de câmbio pouco favoráveis e uma queda generalizada do consumo têm contribuído para abrandar as vendas de gigantes do luxo como a LVMH Moet Hennessy Louis Vuitton ou a Prada, mas o segmento do calçado tem conquistado cada vez mais clientes. Como nota o New York Times, nos últimos anos as maiores cadeias de lojas têm dado cada vez mais espaço às áreas dedicadas aos sapatos que chegam, agora, a atingir dimensões de seis mil metros quadrados, no caso da Macy’s.

Ao mesmo tempo, o crescimento faz-se a Oriente, com a China a tomar uma posição dianteira. É lá que a Jimmy Choo quer crescer nos próximos anos. Pierre Denis, presidente executivo do fabricante de calçado britânico, acredita, por isso, que “ainda há oportunidades para marcas especialistas”. No final de 2013, a empresa tinha nove lojas na Ásia e a expectativa é, agora, inaugurar cinco por ano na China, nos próximos cinco anos. “A Jimmy Choo é um caso de sucesso e estou confiante de que o nosso futuro como uma empresa cotada só pode aumentar a nossa reputação e posição neste atractivo sector”, disse Pierre Denis em comunicado. Ao avançar para a bolsa, a empresa – detida pela alemã Joh A. Benckiser (JAB) – “procura crescer sem comprometer a marca”.

O encanto chinês tem levado os principais fabricantes a investir naquele país e, nesta corrida, também estão empresas portuguesas. Paulo Gonçalves, porta-voz da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, recorda que Portugal já é o sétimo fornecedor da China e “aproxima-se rapidamente do top cinco”. “Exportamos para 150 países mas é na China que vendemos o calçado mais caro. O preço médio ronda os 22 euros, quando o preço médio do calçado produzido e exportado pela China é de três euros. São duas realidades distintas”, afirma, acrescentando que há cerca de 30 empresas nacionais a investir directamente nesse país.

A Jimmy Choo foi fundada em 1996 por Tamara Mellon, editora da revista Vogue, e o malaio Jimmy Choo, que fabricava sapatos em Londres desde o início dos anos 1990. Entre os seus clientes estava a princesa Diana. Sandra Choi, sobrinha de Choo, juntou-se cedo à empresa e, ao contrário dos dois fundadores, ainda hoje se mantém como directora criativa. A primeira loja abriu em 1996 e a expansão para os Estados Unidos deu-se dois anos mais tarde. A marca atingiu reputação global com a ajuda da actriz Sarah Jessica Parker, no papel de Carrie Bradshaw em O Sexo e a Cidade.

A Jimmy Choo tem mais de 180 lojas em 32 países mas planeia abrir, em média, mais dez a 15 por ano. Também está atenta a oportunidades de franchising na América Latina e na Europa de Leste.

Até ser comprada em 2011 pela JAB (da família alemã Reimann), a Jimmy Choo teve três donos diferentes, todos sociedades de capital de risco. Em Junho, a JAB reestruturou o negócio e passou a gerir directamente as suas marcas, que incluem a Belstaff (casacos). A oferta pública inicial (OPI) é assessorada pela Merril Lynch e a HSBC.

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