Jerónimo Martins poupou cinco milhões com as restrições aos cartões bancários

Desde Setembro de 2012 que o Pingo Doce deixou de aceitar cartões bancários em compras inferiores a 20 euros.

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Jerónimo Martins vai abrir 10 Pingo Doce em 2014, a maioria em franchising Rui Silva/arquivo

Quando, em Setembro de 2012, os supermercados Pingo Doce anunciaram o fim dos pagamentos com cartões bancários em compras até 20 euros, o folheto distribuído aos clientes nas lojas garantia que a medida iria permitir uma “poupança anual de mais de cinco milhões de euros”. Mais de um ano depois da polémica decisão ter sido tomada, a empresa do grupo Jerónimo Martins garante que o objectivo foi cumprido. De acordo com dados fornecidos ao PÚBLICO, em 2013 a poupança conseguida com a não aceitação dos cartões “ficou em linha com as estimativas de cerca de 5 milhões euros”.

Durante a apresentação dos resultados financeiros de 2013, que se realizou ontem em Lisboa, Pedro Soares dos Santos, presidente executivo, garantiu que a restrição ao uso de cartões tornou a empresa “mais competitiva” e, prova disso, são os números das vendas e lucros, sublinhou. Em 2013 a Jerónimo Martins teve um resultado líquido de 382 milhões de euros, um crescimento de 6%, e vendas de 11,8 mil milhões de euros, mais 10,7% em comparação com 2012. A cadeia polaca Biedronka já representa 65,1% das vendas (63% em 2012) e é seguida pelo Pingo Doce, que facturou perto de 3,2 milhões de euros (+3,9%). O peso da cadeia portuguesa no negócio do grupo caiu de 28,7 para 26,9% para num sinal de que os grandes crescimentos continuam a vir do exterior.

Há largos anos que a grande distribuição critica a cobrança de comissões “excessivas” pela utilização dos terminais de pagamento electrónico (de débito de crédito), tendo movido queixas entre 2003 e 2007 contra a Visa e a Unicre por alegadas práticas restritivas de concorrência, entretanto arquivadas pela Autoridade da Concorrência. Recentemente, a Comissão Europeia avançou com uma nova regulamentação que limita as taxas interbancárias, cobradas aos comerciantes, para um máximo de 0,2% nos cartões de débito e de 0,3% nos de crédito. As novas regras já foram aprovadas pelo comité de assuntos económicos do Parlamento Europeu.

Na Polónia, a Jerónimo Martins avançou mesmo com um projecto-piloto de pagamento através do telemóvel, alternativo aos cartões. “No primeiro mês foram feitas mais de 40 mil transacções”, disse Pedro Soares dos Santos, não fazendo previsões sobre quando o sistema estará disponível em Portugal. Está a ser desenhada “uma plataforma comum para todos os retalhistas europeus para os pagamentos por telemóvel e o Jerónimo Martins está envolvido”, disse.

Durante a apresentação de resultados, Pedro Soares dos Santos, adiantou que o grupo prevê abrir, em 2014, 300 novas lojas Biedronka (tem actualmente 2393) e 50 unidades Hebe (cosmética e bem-estar), enquanto em Portugal a previsão é de dez novos supermercados Pingo Doce, 80% dos quais em regime semelhante ao franchising. Na Colômbia, onde tem 36 lojas Ara, deve abrir mais 50 supermercados e as estimativas de investimento rondam os 100 milhões de euros (de um total de 600 a 700 milhões de euros que o grupo prevê gastar este ano). 

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