Isabel dos Santos admite deixar cair algumas condições da OPA à PT SGPS

Empresária angolana reafirma que proposta cria valor para a Oi e os seus accionistas e diz-se empenhada em “reunir vontades”.

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Oi teve prejuízo de mais de mil milhões de euros em 2014 Rui Gaudêncio

Depois da resposta da Oi a considerar “inaceitáveis” as condições impostas pela empresária angolana na oferta pública de aquisição (OPA) à PT SGPS, Isabel dos Santos insiste nas virtudes da operação e diz estar a “ponderar prescindir” de algumas das exigências anunciadas para avançar com a oferta.

“Lamentamos muito que a Oi tome essa posição sem ponderar devidamente a proposta de criação de valor apresentada e sem sequer ouvir os stakeholders que, para além de si, estão envolvidos”, afirmou nesta quarta-feira um porta-voz da empresária angolana, na sequência do comunicado enviado pela Oi à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Nele, a operadora brasileira escreve que "considera inaceitáveis [as condições impostas] e confirma que não efectuará qualquer modificação nos actos societários, contratos definitivos e demais instrumentos firmados para atender qualquer das condições estipuladas na OPA".

Já na segunda-feira, a Oi tinha, numa primeira reacção, classificado as condições apresentadas pela Terra Peregrin, a sociedade através da qual de Isabel dos Santos apresentou a oferta, como "inoportunas".

Mas a empresária, que divide com a Sonaecom (dona do PÚBLICO) o controlo accionista da NOS, reafirma as virtudes de um negócio “criador de valor” e diz que está “a ponderar prescindir das condições elencadas nas alíneas vi, vii, viii e ix do item 14 do anúncio preliminar”.

Estas são as condições que exigem que seja suspenso o processo de combinação de negócios entre a Oi e a PT até 30 dias após a liquidação da oferta e a desblindagem dos estatutos da CorpCo, sociedade que nascerá da fusão entre as duas operadoras, para eliminar o limite de voto de 7,5% a impor à PT SGPS.

Isabel dos Santos dispõe-se ainda a prescindir da condição de que a PT SGPS pudesse reforçar a posição na Oi sem ser apenas através do exercício da opção de compra de 11,4% do capital que receberá quando a dívida da Rioforte regressar ao seu balanço, bem como da exigência de que se mantenha esta opção de compra, mesmo em caso de alteração de estatutos da PT (visto que a sua extinção está prevista no caso deste cenário se concretizar).

Por outro lado, poderá prescindir da condição destinada a impedir que através, por exemplo, de acordos accionistas, a PT SGPS possa ser obrigada a alienar participações de capital ou direitos de voto, em caso de alteração de controlo.

“Acreditamos muito neste projecto e, desde que consigamos reunir vontades que o viabilizem, faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para o concretizar”, sublinhou o porta-voz de Isabel dos Santos, numa declaração enviada ao PÚBLICO.

“Reafirmamos que esta é uma proposta de criação de valor que envolve a Oi e os seus accionistas e que permitirá a manutenção da unidade da Portugal Telecom, evitando o desmantelamento da empresa portuguesa, uma das mais relevantes da economia nacional, e preservando os seus postos de trabalho, além de reconhecer e potenciar a capacidade tecnológica do grupo”, disse ainda.

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