Internacionalização e baixa de preços ajudam Sonae a aumentar vendas

Continente aumenta vendas em 2,6% no primeiro semestre, enquanto as lojas especializadas de retalho crescem 11,9%. Lucros atingem os 52 milhões de euros.

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Descontos em talão ou cartão somaram 195 milhões de euros no primeiro semestre Enric Vives Rubio

O volume de negócios da Sonae cresceu 4,7% no primeiro semestre, somando 2306 milhões de euros, graças à evolução positiva de quase todas as áreas de negócio. A presença internacional do retalho especializado (com marcas como a Sport Zone ou a Zippy) e a descida de preços no retalho alimentar ajudaram a dona do Continente (e do PÚBLICO) a chegar a estes resultados nos seis primeiros do ano. Os lucros atribuídos aos accionistas passaram de 15 para 52 milhões de euros.

Em comunicado, a Sonae diz ter conseguido “o maior aumento de vendas” no segundo trimestre no sector do retalho alimentar, onde opera com o Continente, e que pesa 70,5% no volume de negócios do grupo. As vendas dos super e hipermercados aumentaram 3,5% neste período, em comparação com os mesmos meses de 2013. Quanto aos resultados do semestre, o volume de negócios chegou aos 1626 milhões de euros, 2,6% acima do mesmo período de 2013. O crescimento é suportado com a abertura de novas lojas, pela “oferta variada” e pela redução de preços.

Paulo Azevedo, CEO da Sonae, diz, aliás, que nesta área de actividade, a empresa apresentou “a melhor proposta de valor, traduzida numa descida significativa dos preços que superou os 2%”, e que ajudou o Continente a reforçar a quota de mercado em mais 0,6 pontos percentuais (dados Nielsen). Não foi possível saber qual é a quota actual.

"O mercado português de retalho alimentar tem sido extremamente competitivo desde o terceiro trimestre de 2013 
levando a uma forte deflação dos preços e a uma situação onde os concorrentes mais fracos enfrentam grandes 
dificuldades", sublinhou o CEO, no documento que a empresa enviou a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. "Nós não desejamos esta situação mas como líderes de mercado, dotados de operações mais eficientes, preços de mercado mais baixos e melhor desempenho financeiro, vamos, obviamente, manter a nossa estratégia de liderança pelo preço, variedade de produtos e ofertas promocionais", acrescentou.

A pressão sobre o preço subiu de tom quando o maior concorrente do Continente, o Pingo Doce da Jerónimo Martins, entrou na corrida das promoções, em Maio de 2012, depois da campanha surpresa do 1º de Maio em que cortou 50% em quase todos os produtos. O movimento foi seguido pelos principais operadores do retalho, que tentam atrair mais clientes através dos descontos e ofertas contínuas. Os últimos dados da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição avançavam que 25% das vendas feitas nos hiper e supermercados no último ano foram feitas em promoção.<_o3a_p>

No primeiro semestre, e numa altura em que o consumo continua muito marcado por esta “dinâmica promocional”, a Sonae reduziu os preços em 2,2%. No total, foram 195 milhões de euros de descontos em cartão e talão, ligeiramente abaixo do que se verificou no mesmo período de 2013, quando a actividade promocional totalizou mais de 200 milhões de euros. “A política de preços baixos e a actividade promocional das insígnias Sonae tem-se traduzido no elevado grau de fidelização dos clientes e no sucesso dos cartões disponibilizados”, diz a empresa, acrescentando que o número de famílias a usar cartões supera actualmente os quatro milhões.

O peso da marca própria nas vendas da Sonae MC (que agrupa o retalho alimentar) situou-se nos 31% no primeiro semestre, a mesma percentagem verificada há um ano, na mesma altura. Ao PÚBLICO, fonte oficial diz que a empresa está "confortável" com a "penetração da marca Continente, que se tem mantido relativamente estável". A estratégia é, por isso, para manter. Quanto às compras a produtores nacionais, representam agora 77% do total da área de perecíveis. Em volume houve uma subida de 6%, que se traduziu em compras de 304 milhões de euros.

A Sonae SR, de retalho especializado, conseguiu crescer 11,9% entre Janeiro e Junho, para um total de 579 milhões de euros, com a actividade internacional a aumentar 14,5% para 170 milhões de euros. Paulo Azevedo destaca que entre Abril e Junho o negócio cresceu 11%, considerando o mesmo número de lojas, “a percentagem mais elevada alguma vez conseguida”.

O novo conceito de loja MO (antiga Modalfa) em Portugal, e Worten em Espanha, conquistaram “um crescimento adicional de dois dígitos por metro quadrado”. A expansão internacional das marcas portuguesas continuou neste período, nomeadamente com a Sport Zone a abrir a primeira loja em regime de franchising, em Ceuta. Contas feitas, a Sonae SR já pesa 29,3% do volume de negócios do retalho especializado (28,5% no mesmo período do ano passado)

Nas outras áreas de negócio, nomeadamente na Gestão de Investimentos (que inclui as unidades de media da Sonaecom, a seguradora MDS, as lojas Maxmat, a agência de viagens Geostar ou a Tlantic, de tecnologia ligada ao retalho), registou-se uma subida de 10,1% para 118 milhões de euros.

Nos centros comerciais, a Sonae Sierra “conseguiu melhorar ainda mais o crescimento das vendas dos lojistas [3,5%], no universo comparável de lojas e beneficiou da contratação  das yields [rendimento anual de um activo] no sector imobiliário europeu, que se traduziu num impacto positivo nos resultados”.

Contudo, as vendas dos lojistas na Europa diminuíram 3,9% face a 2013, devido "à venda dos centros comerciais Parque Principado em Espanha a 7 de Outubro de 2013, ValeCenter e Airone em Itália a 20 de Dezembro de 2013". A venda de activos e o "efeito adverso da taxa de câmbio em activos brasileiros" tiveram impacto no volume de negócios, que caiu dois milhões de euros, para 109 milhões.

Quanto à NOS, cuja marca foi lançada em Maio, registou receitas operacionais de 682,3 milhões de euros no primeiro semestre, uma diminuição de 3,8% face ao mesmo período do ano anterior. A base de clientes móveis cresceu mais de 100 mil.

Angola ainda sem Continente
Questionada sobre a entrada do Continente em Angola, fonte oficial do grupo esclarece que "não há novidades". "Continuamos a aguardar que estejam reunidas as condições adequadas", sustenta. O projecto de internacionalização prevê a abertura de, pelo menos, cinco hipermercados em Angola em parceria com Isabel dos Santos, empresária e filha do Presidente da República. O grupo português detém 49% desta joint-venture, ficando a maioria do capital nas mãos da Condis, a empresa de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo. O contrato de investimento no valor de 103 milhões dólares, cerca de 80 milhões de euros, foi assinado em Outubro de 2012 com a Agência Nacional de Investimento Privado.

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