Instabilidade em Portugal ameaça reacender crise da dívida, avisa Durão Barroso

Nervosismo nos mercados foi provocado pelas dúvidas dos investidores sobre cumprimento do programa de resgate, diz presidente da Comissão Europeia.

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Durão Barroso diz que reacção dos mercados é um sinal de que ainda não saímos da crise GEORGES GOBET/AFP

Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, considerou nesta sexta-feira que "a maior lição" a tirar da instabilidade política em Portugal é que a simples suspeita de falta de determinação dos países mais frágeis para a correcção dos seus desequilíbrios económicos poderá ser suficiente para reacender a crise do euro.

Segundo Barroso, o nervosismo registado esta semana nos mercados financeiros – que se traduziu em subidas dos juros da dívida de vários países e na queda das bolsas – foi provocado pelas dúvidas dos investidores sobre o cumprimento das condições associadas aos programas de ajuda em Portugal e na Grécia.

"É claro para mim que a reacção dos mercados se deveu ao facto de que poderia haver um enfraquecimento da determinação destes países em termos de consolidação orçamental e reformas estruturais", afirmou Barroso durante uma conferência de imprensa em Vilnius por ocasião do arranque da nova presidência da União Europeia (UE) assegurada este semestre pela Lituânia.

"A maior lição dos desenvolvimentos recentes, nomeadamente no meu próprio país, é o risco que existe, se houver algum tipo de sinal de que não há determinação para a correcção de alguns desequilíbrios", afirmou.

"A simples sugestão de que um governo que tem vindo a aplicar com determinação um programa [de ajuda] negociado com a UE e o FMI estava em risco, essa simples sugestão criou algum nervosismo nos mercados", prosseguiu, insistindo em que "é muito importante que toda a gente perceba isto". A lição a tirar destes acontecimentos é que "ainda não saímos da crise" e que é preciso "evitar qualquer tipo de complacência", vincou.

O presidente da Comissão considerou ainda que "é preciso manter o ritmo das reformas e manter a estabilidade sistémica" na zona euro, mas, "ao mesmo tempo, é importante tornar claro que a Europa e nomeadamente os países que são mais vulneráveis precisam de continuar esta mistura de políticas que inclui a reforma das economias para as tornar mais competitivas (...), a consolidação orçamental mas também medidas para investimento". 

 
 
 

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