Inflação regressa para valores negativos em Fevereiro

Vestuário e combustíveis entre os produtos que mais contribuíram para a descida de preços. Cenário de deflação continua a ser uma ameaça.

Fotogaleria
Fotogaleria

A taxa de inflação homóloga voltou a registar durante o mês de Janeiro um valor negativo, reforçando os riscos de que Portugal possa vir a cair numa situação de deflação.

De acordo com os dados publicados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), os preços em Portugal caíram 0,1% em Fevereiro face a igual período do ano passado. A taxa de inflação homóloga tinha sido em Janeiro de 0,1%.

O resultado agora conhecido representa um regresso da taxa de inflação para valores negativos, algo que já tinha acontecido em Outubro e Novembro do ano passado.

As classes de produtos que registaram em Fevereiro uma variação mais negativa dos preços foram o vestuário e calçado, com uma descida de 2,3% e os transportes com uma queda de 1,89%. Dentro desta classe, destaca-se a diminuição face ao ano passado do preço dos combustíveis.

No sentido contrário, os preços que mais subiram foram os das bebidas alcoólicas e tabaco, em alta de 3,7%, e os relacionados com os gastos com habitação, água, electricidade e gás, com um acréscimo de 2,3%.

Uma descida dos preços constitui uma boa notícia para os consumidores que vêem, caso mantenham o mesmo rendimento, o seu poder de compra a aumentar. Pode também ser visto como um sinal do ganho de competitividade da economia face ao exterior já que em princípio significa que as empresas portuguesas podem ter capacidade para vender os seus produtos mais baratos em concorrência com o estrangeiro.

No entanto, uma descida de preços, se tiver um carácter prolongado e generalizado, pode significar que a economia caiu na armadilha da deflação, um cenário em que a continuada inflação negativa conduz ao adiamento das decisões de consumo e de investimento, condena a economia a um período longo de estagnação ou recessão e torna ainda mais difícil o pagamento das dívidas por parte dos consumidores, empresas e Estado.

O risco de entrada em deflação está a ser particularmente sentido nos países periféricos da zona euro (a taxa de inflação na Grécia já está há 11 meses consecutivos em valores negativos), mas vários economistas e instituições como o FMI afirmam que toda a economia europeia pode cair numa situação semelhante à vivida pelo Japão a partir do final do anos 90 do século passado.

Até agora, o Banco Central Europeu tem defendido que a colocação das taxas de juro perto de zero será suficiente para garantir que não se assista a pressões deflacionistas na zona euro. O banco prevê que a taxa de inflação nos países da moeda única (que foi de 0,8% em Fevereiro) ainda continue a descer por mais alguns meses, iniciando depois uma recuperação e aproximando-se gradualmente do objectivo do banco central de ter uma variação dos preços a médio prazo abaixo mas próximo dos 2%.

Sugerir correcção
Comentar