Inflação em terreno negativo pelo quinto mês consecutivo

Bens alimentares dão o maior contributo para evolução dos preços que prolonga a ameaça de deflação.

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Bens alimentares foram os que registaram uma maior queda de preços Pedro Cunha

A queda acentuada dos preços dos bens alimentares foi decisiva para que Portugal registasse em Junho o quinto mês consecutivo de taxa de inflação negativa, revelou nesta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Em Junho, a taxa de inflação homóloga foi de -0,4%, exactamente o mesmo valor que se tinha registado em Maio. A variação negativa dos preços face ao ano anterior já se regista desde Fevereiro e parece ter em Junho estabilizado nos 0,4%. A taxa de variação média dos últimos 12 meses manteve a sua progressiva tendência descendente, caindo para um valor negativo (-0,05%), a primeira vez que tal acontece em Portugal desde Junho de 2010.

Portugal é, em conjunto com a Grécia e Chipre, um dos três países da zona euro que registam taxas de inflação negativas. A troika, o Governo e o Banco de Portugal confiam que esta descida de preços não se irá transformar em deflação (um período prolongado e persistente de queda de preços), afirmando que será temporária e é o resultado da redução de custos que se tem vindo a processar nas empresas portuguesas. Existe, contudo, o receio, entre alguns economistas, de que uma descida de preços motivada pela queda da procura se prolongue e acentue, colocando a economia numa situação em que não são dadas às famílias e empresas incentivos para consumir e investir, o que agrava a recessão.

De acordo com os dados do INE, para a descida de preços de Junho face ao mês homólogo do ano anterior contribuíram especialmente os bens alimentares. A inflação homóloga registada nos bens alimentares não transformados foi de -4,3%.

Ao contrário do que aconteceu em 2009, quando Portugal viu a inflação cair durante dez meses consecutivos, os preços dos bens energéticos, como a gasolina, não estão a contribuir para uma redução global do índice. Neste tipo de produtos, a inflação foi de 0,5%.

Destaque também para a queda homóloga de 1,5% no vestuário e calçado e de 1,8% no lazer, recreação e cultura.

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