Inflação cai para zero em Fevereiro

É a primeira vez desde 2009 e é o resultado da forte queda da economia

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Crise está a forçar lojas a limitar preços Miguel Madeira

A taxa de inflação homóloga em Portugal caiu em Fevereiro para zero, um sinal dos efeitos da recessão nos preços.

De acordo com os dados divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a variação dos preços face ao mesmo período do ano anterior passou de 0,2% em Janeiro para zero em Fevereiro. A taxa de inflação média (a média das taxas homólogas dos últimos doze meses) manteve a tendência de descida, passando de 2,5% para 2,3%.

A descida da taxa de inflação para um valor nulo é algo que já não acontecia desde 2009. Este é um fenómeno que ocorre como consequência da forte contracção económica que se regista actualmente em Portugal. Com o consumo em queda, as empresas não conseguem subir preços, sob o risco de perderem ainda mais clientes. Além disso, ao contrário do que aconteceu no ano passado, não se registou desta vez uma subida do IVA, que faz agravar a inflação.

A taxa de inflação zero agora registada é o resultado de descidas homólogas de 4,9% no vestuário e calçado, de 1,7% nos bens e serviços de saúde e de 1,6% nos transportes. Em contrapartida, registou-se uma subida de preços face ao ano passado de 5,1% nas bebidas alcoólicas e tabaco, de 3,5% na habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis e de 2% nos produtos alimentares e nas bebidas não alcoólicas.
 
Na União Europeia, em Janeiro, o único país com valores semelhantes a Portugal na taxa de inflação homóloga (neste caso harmonizada, por usar uma metodologia comum para todos os Estados membros) foi a Grécia, que registou também um valor de zero. Mais uma vez é a recessão económica que explica este resultado. Em situações de contracção da actividade, as descidas de preços podem ser vistas, do ponto de vista macroeconómico, com preocupação se forem muito prolongadas. Nesse caso, pode-se falar de deflação, um fenómeno que pode contribuir para acentuar a queda do investimento e do consumo.

A descida de preços pode também ser um sinal de aumento da competitividade da economia nacional face ao exterior. Com os preços na economia doméstica a caírem, não só os importadores ficam com mais dificuldades em entrar no mercado nacional, como os exportadores portugueses conseguem concorrer no exterior com custos mais baixos.

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