Impacto das eleições legislativas na bolsa e na dívida pública a abrir a semana

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Resultado das eleições legislativas tem impacto no comportamento da bolsa e da dívida pública Nuno Ferreira Santos

Com os resultados das eleições legislativas em Portugal a marcar o início da semana, será importante acompanhar a evolução do mercado accionista e da dívida pública portuguesa. No que respeita à publicação de indicadores macroeconómicos, destaca-se, para a economia norte-americana, o índice ISM rela

Tratando-se do único dado relevante a conhecer para a economia americana esta semana, este indicador reveste-se de uma importância particular para avaliar a robustez do sector não industrial à entrada do terceiro trimestre, depois da desaceleração sinalizada pelo índice relativo à indústria, e da debilidade dos dados referentes ao mercado de trabalho conhecidos na passada sexta-feira. De facto, a criação líquida de apenas 142 mil postos de trabalho no mês de Setembro, e a revisão em baixa dos valores dos dois meses anteriores (num total de 59 mil), veio ilustrar um desempenho do mercado de trabalho consideravelmente inferior ao generalizadamente antecipado, conduzindo a uma diminuição evidente da probabilidade atribuída a um primeiro movimento de subida da taxa de juro de referência pela Reserva Federal norte-americana (do intervalo entre 0% e 0,25%) ainda este ano, à descida das taxas da dívida pública americana a 10 anos para níveis inferiores a 2% e à depreciação do dólar relativamente ao euro e à generalidade das moedas.

Importa, no entanto, sublinhar que até à reunião de política monetária de meados de Dezembro, a autoridade monetária americana disporá da informação relativa à evolução do mercado de trabalho de mais dois meses, pelo que é prematuro, neste momento, afastar a hipótese de uma primeira subida da taxa fed funds naquela ocasião, dada a ênfase que os diversos membros daquela instituição têm vindo a dar à necessidade de iniciar a normalização da política monetária, num contexto de melhoria gradual da actividade e de perspectivas de aumento, a prazo, de pressões ascendentes sobre os preços e os salários.       

Na Europa, destaca-se, esta semana, a evolução das vendas a retalho na Zona Euro em Agosto, a conhecer já esta segunda-feira, e, para a economia alemã, as encomendas dirigidas à indústria (terça), a produção industrial (quarta) e as exportações (na quinta-feira) no mesmo mês. Na passada semana, os índices de sentimento apurados pela Comissão Europeia prosseguiram em Setembro a trajectória de melhoria progressiva que têm vindo a exibir, sugerindo um desempenho favorável da procura interna, e um impacto relativamente contido, até ao momento, dos receios quanto ao abrandamento da economia chinesa e da economia global.

Também os importantes índices PMI têm exibido uma evolução benigna, sugerindo que a economia da Zona Euro terá mantido, no terceiro trimestre, um ritmo de crescimento de 0,4% relativamente ao trimestre anterior, sendo mesmo possível que se tenha verificado uma ligeira aceleração, para 0,5%. No conjunto do ano, poder-se-ia, assim, atingir um crescimento dos Dezanove superior a 1,5%. Os sinais positivos no plano da actividade coexistem, contudo, com a persistência de níveis muito baixos de inflação, tendo a inflação homóloga regressado a território negativo no mês de Setembro (-0,1%), o que já não ocorria desde Janeiro. Embora tal evolução se tenha devido essencialmente à descida dos preços da energia face ao mesmo período do ano passado, a persistência de pressões desinflacionistas mantém em aberto a possibilidade de o Banco Central Europeu vir a anunciar um reforço do actual programa de aquisição de dívida, o que poderia passar pelo aumento do montante mensal de compras e/ou por um prolongamento do programa para além de Setembro de 2016, data prevista para a sua conclusão.

Merece também destaque, na quinta-feira, a reunião do Banco de Inglaterra. Não se aguardando qualquer alteração da política monetária, será relevante avaliar como aquela instituição avalia o tom menos positivo dos indicadores de actividade mais recentemente divulgados, e a descida da inflação homóloga para 0% em Agosto, o que levou a um adiamento da expectativa generalizada quanto a um primeiro movimento de subida da taxa de juro de referência para a economia britânica (de 0,5%) para os últimos meses de 2016. A aceleração dos salários e dos custos unitários do trabalho no Reino Unido poderá, no entanto, justificar um discurso da autoridade monetária mais centrado no surgimento, a prazo, de pressões crescentes sobre os preços, sugerindo uma necessidade de vir a elevar os juros mais cedo do que o antecipado actualmente pelos mercados.

Novo Banco, Research Económico

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