FMI diz que impacto da situação chinesa foi “amplificada” por questões exteriores

Fundo considera que queda dos preços das matérias-primas e incerteza em torno da Fed ajudaram a agravar cenário.

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O responsável considera que "a economia chinesa atravessa uma transição importante". SAUL LOEB/AFP

O contágio do abrandamento da economia chinesa a outros países foi amplificado por questões que ultrapassam as fronteiras do gigante asiático, defende um responsável do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O director do departamento do FMI para a Ásia e Pacífico, Changyong Rhee, publicou nesta segunda-feira um texto de análise em que defende que a queda do preço das matérias-primas e a expectativa sobre a mexida nos juros pela Reserva Federal norte-americana dilataram os efeitos da situação económica chinesa nos países vizinhos.

O responsável do fundo estima que um “abrandamento de 1% na economia chinesa signifique um declínio de 0,3%” noutros países asiáticos, o que traduz o “tamanho do país” e a sua “integração na economia global”.

A poucos dias da reunião anual do FMI, que começa no Peru na sexta-feira, Changyong Rhee escreve que, “depois de 35 anos de crescimento extraordinariamente rápido, a economia chinesa atravessa uma transição importante, de um modelo de crescimento baseado nas exportações para um modelo cada vez mais conduzido pelo consumo e serviços, com menor enfase no investimento público financiado com recurso a endividamento”.

O responsável da instituição liderada por Christine Lagarde entende que este processo “tem sido acompanhado pelo abrandamento nas importações e por volatilidade nos mercados financeiros”, o que suscita “preocupações razoáveis sobre o impacto na economia mundial e principalmente sobre contágio a países que mais beneficiaram com o rápido crescimento chinês”. O FMI defende que Pequim deve continuar rumo a “uma economia mais inclusiva que dê um maior papel às forças de mercado”.

Na mesma linha, a mudança na taxa de câmbio é consistente com as “intenção das autoridades em avançar para uma taxa de câmbio mais determinada pelo mercado”, reforça.

Se as previsões governamentais de abrandamento da economia chinesa estão “em linha” com o perspectivado pelo FMI, o responsável calcula que, apesar do tumulto dos mercados, este não se irá reflectir na economia real.

“Impulsionado pelo rápido crescimento no crédito, que abrandou desde então, os mercados bolsistas [chineses] cresceram mais de 100% entre Novembro e Junho, apenas para corrigir 40% nos meses recentes”, nota Rhee. Apesar disso, “a boa notícia é que é esperado que [esta correcção] tenha um impacto directo muito limitado na economia”, prossegue.

O dirigente sublinha o papel da supervisão, considerando que a “vigilância” dos mercados recém-liberalizados é essencial e que os restantes países devem procurar “proteger-se contra potenciais contágios”.

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