Ikea aumenta vendas e já nota aumento da confiança dos consumidores portugueses

Grupo sueco aumentou receitas em 3,1% para 3,3 mil milhões de euros em termos globais. Em Portugal, a facturação subiu em linha com os dados, divulgados nesta terça-feira.

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Portugueses adiaram a compra de produtos mais caros Oxana Ianin

O grupo Ikea teve receitas de 3,3 mil milhões de euros em 2013 a nível global, o que representa uma subida de 3,1% em comparação com o ano anterior. Em Portugal, a cadeia de mobiliário de origem sueca cresceu em linha com a tendência mundial, avançou ao PÚBLICO Christiane Thomas, presidente executiva, que diz já ver reflectido nas vendas um aumento da confiança dos consumidores.

A empresa não divulgou resultados financeiros para Portugal. De acordo com informação a que o PÚBLICO teve acesso, em 2011 reportou receitas de 246 milhões de euros, uma descida de 6,69% face a 2011. A queda mais expressiva verificou-se nos lucros: menos 79,25% em 2011 para 2,6 milhões de euros. O ano que passou marcou, assim, o crescimento do negócio.

A crise levou os portugueses a adiarem a compra de produtos mais caros e, em vez de renovarem a sala ou montarem uma cozinha, gastam, agora, dinheiro em pequenos produtos e mais baratos, disse Christiane Thomas, 56 anos, em Portugal há um ano. Na lista dos mais vendidos, estão as lâmpadas LED, num sinal de que a poupança passou a fazer parte dos hábitos de consumo. “As pessoas ainda não estão a fazer grandes investimentos mas vêm à loja para fazer pequenas alterações na sua casa”, conta. No centro das prioridades estão as crianças. “Vemos muito interesse por produtos para criança e a nossa intenção é ajudar a encontrar soluções adaptáveis à família, em vez de adaptar a casa à família”, continua Christiane Thomas.

Para travar a queda no consumo, a Ikea tem investido em preço, ou seja, baixou o valor dos seus artigos o que, em casos como o da mesa Lack, por exemplo, resultou numa redução de 72% (de 24,99 euros em 2004 para 6,99 euros este ano). Em média, a presidente executiva diz que a descida de preços foi de 2%, o mesmo que em todos os países onde o grupo está presente. Outro exemplo é o do sofá Ektorp de dois lugares que custa, agora, menos130 euros do que há dez anos, quando a Ikea abriu a primeira loja em Portugal.

Comentando os resultados financeiros, Christiane Thomas admite que já esperava um aumento das vendas. “Vimos sinais de recuperação da economia. Lembro-me de olharmos para o aumento das vendas de carros na primavera de 2013 e de pensarmos que era um sinal do aumento da confiança do consumidor”, conta. Para 2014, a presidente executiva não espera menos do que aumentar, de novos, as receitas. “Sentimo-nos confiantes. A confiança dos consumidores está a recuperar rapidamente e esperamos, pelo menos, crescer ao mesmo ritmo de 2013”, concluiu.

O antes e o depois da Ikea
Questionada pelo PÚBLICO sobre a concorrência no mercado português e o processo da Moviflor - que teve de recorrer aos tribunais para garantir a sobrevivência – a responsável acredita que todas as empresas do sector vão acabar por “beneficiar do crescimento do mercado”.

Ainda assim, admite que há um “antes e um depois da Ikea”. “Penso que os nossos preços baixos tornaram muitos produtos acessíveis a muitas pessoas. Hoje consegue-se comprar um sofá abaixo dos 300 euros. Ajudámos a baixar os preços no mercado e ajudámos no desenvolvimento de produtos”, sustenta.

Actualmente, a empresa tem 1300 trabalhadores distribuídos em três lojas (Alfragide, Matosinhos e Loures). Detém três fábricas de móveis em Paços de Ferreira, com 1500 funcionários, e um centro comercial em Matosinhos (Mar Shopping). A próxima abertura está prevista para 2015 em Loulé, um projecto que inclui também um centro comercial.

A nível global, o grupo Ikea está em 26 países, com um total de 305 lojas. Os objectivos até 2020 estão definidos: chegar aos 50 mil milhões de euros de facturação, valor que compara com os actuais 27,9 mil milhões de euros. Peter Agnefjall, presidente executivo, afirma em comunicado que os gastos dos consumidores estão a melhorar e “até em alguns mercados desafiantes no sul da Europa estão a mostrar bons sinais de actividade”.

Os maiores mercados da Ikea são a Alemanha, os Estados Unidos, França, Rússia e Suécia.

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