Hackers ganharam milhões com acesso a comunicados de empresas cotadas

Rede infiltrou-se nos sites de firmas norte-americanas que divulgam informação empresarial.

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REUTERS/Kacper Pempel

As autoridades norte-americanas anunciaram, esta terça-feira, o desmantelamento de um crime organizado por um grupo de hackers que tinha como função roubar os comunicados de imprensa de grandes empresas antes de serem publicados e, em seguida, vender a informação, de acordo com fonte ligada ao caso.

O cibercrime suspeito de ter base na Ucrânia, e possivelmente na Rússia, divulgava e vendia a informação ainda por revelar sobre fusões ou aquisições que envolviam grandes firmas, a cúmplices nos Estados Unidos da América. Por sua vez, estes usavam a informação confidencial para venda ou compra de acções das empresas cotadas em bolsa, como a Hewlett-Packard e a Caterpillar, através de contas em corretoras. A rede conseguiu espiar a informação de mais de 150.000 comunicados das companhias, conseguindo assim antecipar-se aos movimentos do mercado financeiro.

O esquema de passagem de informação acerca de negócios que ainda não se tinham tornado públicos rendeu aos criminosos, pelo menos, 30 milhões de dólares. O dinheiro angariado era enviado para contas offshore na Estónia, de acordo com as informações da Bloomberg. Segundo a mesma fonte, o esquema de troca de informação durou alguns anos, acabando há relativamente pouco tempo. 

Os oficiais da justiça em Brooklyn, Nova Iorque e Nova Jérsia acusaram nove pessoas ligadas ao crime digital que, segundo a fonte, se infiltraram nos servidores da PRNewswire Association, da Marketwired e da Business Wired, agências de informação ligadas a negócios (detidas pela Berkshire Hathaway, dal qual Warren Buffett é o presidente).

Esta manhã, nos Estados da Pensilvânia e Geórgia, agentes federais prenderam já cinco dos nove acusados de fazerem parte do crime. 

Desde 2014 que uma operação policial internacional conseguiu detectar onde e como estava a ocorrer a fraude. A investigação teve início quando as procuradorias destas três regiões e o FBI receberam um aviso da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA sobre negócios suspeitos por parte dos envolvidos no caso o que causou numa investigação individual a cada um dos suspeitos.

Estando pelo menos três países envolvidos na fraude, não é ainda conhecida a identidade do responsável pela ideia. No lote de presos está apenas um nome conhecido neste tipo de crime: Vitaly Korchevsky, descrito como um profissional nas estratégias dos mercados e que já trabalhou em Wall Street.

Depois de um elevado número de crimes cibernéticos nos últimos tempos, que abalaram empresas como a Sony e a JPMorgan Chase, a Bloomberg destaca que esta descoberta é uma vitória para as identidades norte-americanas, ligada ao primeiro grande caso de uma grande rede de roubo de informação.

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