Horários instáveis levam UGT a juntar-se à greve nos hipers

Pela primeira vez, o Sindicato dos Trabalhadores e Técnicos de Serviço avança com um pré-aviso de greve no 1º de Maio. Horários diferentes todos os dias são o principal motivo.

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A APED já veio defender a continuação das negociações Enric Vives Rubio

O Sindicato dos Trabalhadores e Técnicos de Serviço (Sitese), afecto à UGT, avançou pela primeira vez com um pré-aviso de greve no 1º de Maio dos trabalhadores dos supermercados e grandes superfícies, que pertencem à Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED).

A decisão foi conhecida três dias depois de o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Serviços (Cesp), da CGTP, ter anunciado uma paralisação para o mesmo dia, em protesto contra as propostas da APED no seio da negociação colectiva.

Há cinco anos que patrões e sindicatos não se sentavam na mesma mesa para discutir o contrato colectivo de trabalho, actualizações de salário ou horários no sector, que emprega cerca de 100 mil pessoas em todo o país. As negociações têm sido “difíceis”, com a grande distribuição a tentar “introduzir toda a espécie de horários e a prejudicar a conciliação”, diz Vítor Coelho, membro da direcção do Sitese.

“Propõem um horário diversificado em que todos os dias a hora de entrada e de saída pode ser diferente. Estamos de acordo mas desde que seja fixo durante um período de tempo. Mas estamos em completo desacordo com a ideia de mudar o horário todos os dias”, detalha. O dirigente acusa as empresas da APED de quererem fazer dos colaboradores “pastilha elástica” e lamenta a ausência de aumentos salariais e a paragem durante anos das negociações colectivas.

Ao contrário do Cesp, que todos os anos avança para a greve no 1º de Maio, argumentando que este é o Dia do Trabalhador, esta é a primeira vez que Sitese o faz. “Não estivemos nos outros anos, mas estamos de alma e coração desta vez”, diz Vítor Coelho, acrescentado que os trabalhadores devem ter direito a gozar o feriado que lhes é dedicado.

A APED já veio defender a continuação das negociações. “Lamentamos que os sindicatos não se mostrem disponíveis para negociar em nome dos colaboradores do sector do retalho e apelamos para que negoceiem o contrato colectivo ao serviço de todos”, reagiu na terça-feira, a directora-geral da APED, Ana Isabel Trigo Morais, depois do Cesp ter anunciado a greve. A associação tem entre os seus membros o Continente, Pingo Doce, Ikea ou Fnac.

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