Groundforce recusa pagar aumento das rendas nos aeroportos e quer negociar com a ANA

A empresa defende que os espaços destinados à Groundforce não podem ter mercado livre como acontece com os espaços comerciais.

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Foto: Nuno Ferreira Santos

A Groundforce recusa-se a pagar o aumento das rendas nos aeroportos de Lisboa e do Porto, realçando que vai negociar com a ANA a reafectação dos espaços para reduzir o valor, que em 2013 aumentou cerca de 3%.

O presidente executivo da Groundforce, Carlos Paz, disse à Lusa que os aumentos foram comunicados no final de Dezembro e, que apesar de ainda não saber quanto representa na estrutura de custos, a empresa de handling (serviços em terra de apoio ao transporte aéreo) “não consegue suportar”.

“Não vamos pagar, porque não podemos. A ANA vai ter de ficar com alguns espaços para rentabilizar de outra maneira para conseguirmos reduzir a factura”, adiantou Carlos Paz, que já se reuniu com o presidente da gestora aeroportuária, Jorge Ponce Leão, que, disse, “compreendeu perfeitamente os argumentos da Groundforce”.

Nesse sentido, “as duas empresas vão trabalhar em conjunto no sentido de racionalizar a ocupação de espaço, para largar espaços premium e trocar por espaços secundários”, com rendas mais baixas, e assim reduzir a factura com as taxas de ocupação, que são o segundo maior custo da Groundforce.

Enquanto esse trabalho não estiver terminado, acrescentou, a Groundforce não vai pagar os aumentos, rejeitando, no entanto, qualquer “confronto directo” com a empresa recentemente privatizado ao grupo francês Vinci.

Fonte oficial da ANA confirmou à Lusa que, no início do ano, foi implementado um aumento de 3,3% das taxas designadas ‘outras taxas de natureza comercial’ para todos os operadores de handling – Groundforce e Portway -, tendo como referência a taxa de inflação do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicada em Junho passado.

Carlos Paz realçou que “o mercado de arrendamento industrial na Área Metropolitana de Lisboa caiu, desde 2007, entre os 15% e os 30%, e, no mesmo período as rendas [no aeroporto] subiram 15%. Há aqui alguma disparidade”.

O presidente da Groundforce, que este ano passou a ser maioritariamente detida pelo grupo Urbanos, defendeu que os espaços destinados à empresa não podem ter mercado livre como acontece com os espaços comerciais, uma vez que, ao contrário daqueles, a Groundforce não tem alternativas.

“Essas lojas se não quiserem pagar à ANA vão-se embora. Já eu não posso estacionar os autocarros na segunda circular”, declarou.

De acordo com Carlos Paz, houve ainda um aumento em 14% dos custos dos parques de estacionamento no aeroporto do Porto, que são utilizados pelos funcionários e suportados pela empresa.

“Para não aumentar os custos, tivemos de mudar os lugares de estacionamento para mais longe, sacrificando os trabalhadores”, explicou.

Carlos Paz disse que as “taxas de ocupação pagas à ANA têm que ser revistas em baixa para proteger os 2500 postos de trabalho” da Groundforce.

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