Greve na Refer fez parar os comboios em todo o país

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Greve vai dificultar circulação de comboios nesta quarta-feira Nelson Garrido

Os sindicatos falam numa adesão próxima dos 100%. A administração da Refer aponta 15%. Como sempre, os números não coincidem, mas a realidade mostrou que esta quinta-feira houve muito poucos comboios a circular no país - só os serviços mínimos foram cumpridos.

A opção pela realização de serviços mínimos, definidos pelo Conselho Económico Social até acabou por ter um impacto maior na greve porque, tendo sido os sindicatos a nomear os trabalhadores que iriam assegurá-los, foram colocados nos locais estratégicos para a operação aqueles que não permitiriam mais comboios para além do acordado.

Por parte da CP e da Fertagus, a existência de serviços mínimos tem a vantagem de se saber exactamente com que comboios é que os seus clientes podem contar. Sem serviços mínimos, até poderia haver mais comboios a circular nas linhas, mas eram maiores as incertezas e indefinições no serviço.

A CP tinha realizado até às 18h00 desta quinta-feira 249 dos 1080 comboios previstos, ou seja, 23% do total da oferta. A Fertagus tem previsto realizar até ao fim do dia 31 dos seus 148 comboios diários (21%), a que corresponde exactamente o definido pelos serviços mínimos.

Estes contemplam a realização de um comboio em cada quatro durante as horas de ponta e um comboio em cada cinco fora desse período. Contempla ainda o serviço internacional para Hendaya e Madrid.

Em todo o país só circularam três comboios de mercadorias.

Sem comboios, o trânsito nas ligações a Lisboa  agravou-se ao início da manhã, nomeadamente, nos acessos à ponte 25 de Abril. No Porto, não houve perturbações assinaláveis.

Os sindicatos contestam a fusão com a Estradas de Portugal (EP) anunciada pelo Governo, “que nunca se dignou a discutir as suas ideias com os trabalhadores”. “Queremos mostrar o grande descontentamento dos trabalhadores da Refer e chamar a atenção da opinião pública que estamos perante uma medida que não irá resolver problemas dos caminhos-de-ferro nem da Refer. Pelo contrário, esta medida vai gerar mais desemprego e custos para o país”, disse José Manuel Oliveira.

Por seu lado, numa nota publicada quarta-feira no seu site, a comissão nomeada pelo Governo para dar avanço à fusão com a EP defende que a operação tem como meta reduzir custos operacionais e valorizar os activos, além de aumentar os “benefícios capturados através de soluções comerciais conjugadas e potenciação de serviços conjuntos”. As vantagens, continua o comunicado, serão incluídas num memorando explicativo “de acordo com os calendários estabelecidos”. “A fusão da Refer e da EP permitirá criar a maior empresa nacional em volume de activos”, sublinha.  
A greve de 24 horas dos trabalhadores da Refer segue-se à paralisação dos trabalhadores do Metro de Lisboa, que quarta-feira provocou o encerramento de todas as estações.

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