Grécia rejeita novos aumentos de impostos ou cortes de pensões

Primeiro-ministro grego diz que “há certos limites no que se pode negociar”.

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Samaras apresentou ao Parlamento Europeu o programa da presidência rotativa da UE FREDERICK FLORIN/AFP

O primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, recusou nesta quarta-feira qualquer negociação com a troika de credores internacionais que implique novos aumentos de impostos ou cortes adicionais das pensões de reforma no quadro do seu programa de ajuda externa.

“Há certos limites no que se pode negociar” com a troika, afirmou Samaras, depois de ter apresentado ao Parlamento Europeu (PE) o programa da presidência rotativa da União Europeia (UE), que é assumido este semestre pelo seu país.

“Já não podemos negociar questões que tenham a ver com mais impostos ou com menos pensões” face ao que já foi feito desde 2010, “porque esse é o nível mínimo aceitável que permite assegurar a coesão social. Não é aceitável para mim”, afirmou Samaras durante uma conferência de imprensa com o presidente do PE, Martin Schulz.

Em apoio da sua posição, o chefe do Governo grego citou o facto de o país ter alcançado em 2013, um ano antes do previsto, um excedente orçamental primário (sem contar com o serviço da dívida pública), o que significa que as despesas do Estado foram inferiores às receitas fiscais e que os empréstimos da zona euro e do FMI se destinam apenas a pagar os juros da dívida.

Segundo Samaras, o Governo acordou com a troika que 70% do valor do excedente primário – que, segundo as primeiras estimativas provisórias, poderá situar-se entre 800 e 1000 milhões de euros – “será devolvido às pessoas”. “Vamos dá-lo aos mais necessitados, reformados, pessoas que realmente têm problemas. Estamos a tentar assegurar a coesão social (…), porque é preciso provar às pessoas que, quando houver progressos, ficarão numa situação melhor do que agora. É o que estamos a tentar fazer, e isso não é algo que a troika possa mudar”, vincou.

Durante a sua intervenção perante os eurodeputados, Samaras referiu-se ao extremo sofrimento dos gregos, que tiveram de fazer “sacrifícios incrivelmente grandes” para voltar a pôr o país “de pé”, e que, em seis anos de recessão económica, perderam 38% do seu rendimento face a 2007, enquanto o PIB encolheu 25%.

“O meu país sofreu nos últimos anos mais do que qualquer outro país da UE alguma vez sofreu”, afirmou Samaras, atribuindo esta situação aos erros cometidos “durante décadas” pelos próprios gregos, à “estrutura” da união económica e monetária europeia, mas igualmente aos erros cometidos ao “desenho do primeiro programa de ajuda” de Maio de 2010, quando o seu partido conservador estava na oposição.
 

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