Grécia aprova novos aumentos de impostos

Medidas foram acordadas em Novembro para desbloquear nova tranche da ajuda externa.

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Imagem de um dos cartazes dos vários protestos que o país tem protagonizado Panayiotis Tzamaros/Reuters

O Parlamento grego aprovou uma série de novos impostos impopulares, no seguimento dos compromissos assumidos com os credores internacionais no âmbito da ajuda externa que o país está a receber.

As medidas foram já aprovadas na madrugada deste sábado e incluem uma taxa de 42% para todos os gregos que ganhem mais de 42 mil euros por ano. Foram também aprovados novos impostos para os lucros empresariais e até para os agricultores.

A Grécia é um dos países da União Europeia que está desde Maio de 2010 sob um plano de ajuda externa liderado pela denominada troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia). As novas medidas estavam previstas num pacote aprovado em Novembro. Destinam-se a corrigir algumas derrapagens para que o país consiga cumprir as metas ao encaixar mais 2,3 mil milhões de euros neste ano, podendo assim receber uma nova tranche do empréstimo internacional.

“Não somos a favor dos impostos, mas na presente situação temos de retirar o país deste impasse”, declarou o ministro das Finanças grego, Giorgos Mavraganis, citado pela BBC. Uma posição não partilhada pela oposição ao Governo conservador, com os socialistas a acusarem o executivo de estar a “demolir” a classe média do país.

Desemprego recorde

A aprovação surge na mesma semana em que foram divulgados novos dados desastrosos para o país. A taxa de desemprego na Grécia subiu para 26,8% em Outubro, de acordo com os números avançados nesta quinta-feira pelo gabinete nacional de estatísticas grego. Este valor representa um aumento de 7,1 pontos percentuais em relação ao mesmo mês de 2011, altura em que foi registada uma taxa de desemprego de 19,7%. Ao todo, a taxa corresponde a 1,3 milhões de desempregados, mais 368 mil do que em 2011.

Segundo os dados do Eurostat, a taxa de desemprego na Grécia encontrava-se nos 26% em Setembro. A confirmarem-se estes valores, a taxa de Outubro significaria que houve um aumento de quase 1 ponto percentual apenas num mês (0,8%), ultrapassando assim a Espanha como o país da Europa com a mais alta taxa de desemprego.

Mas os sindicatos afirmam que o número de desempregados é maior do que os valores que foram apresentados pelo gabinete nacional de estatísticas grego. Segundo os cálculos do Governo, o desemprego deve cair para os 24,7% em 2013. No sexto ano consecutivo de contracção económica, o Governo grego estima também que a economia do país sofra uma queda de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) até ao fim de 2013.

Com a aprovação do Orçamento do Estado para 2013, o Governo grego pôs em marcha um processo de redução de salários e de corte de 8000 postos de trabalho na função pública. Os funcionários do Estado vão ainda ser alvo de cortes nas contribuições nas despesas de saúde e outros benefícios sociais.

Em Novembro, o executivo liderado por Antonis Samaras conseguiu negociar com a troika a reestruturação das metas do acordo de ajustamento financeiro. O Estado grego beneficiou de uma extensão de 15 anos para o pagamento dos empréstimos e o diferimento no reembolso de parte dos juros. Em contrapartida, o Tesouro grego comprometeu-se com a redução da despesa pública, considerada insustentável pelo Fundo Monetário Internacional e apresentada como condição para que este desse a luz verde para a entrega das tranches do empréstimo grego em atraso.

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