Grécia admite prolongamento “técnico” do empréstimo da troika

Governo grego espera receber última tranche este ano. Condições da linha de crédito cautelar ainda estão a ser negociadas com os parceiros da zona euro.

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Em dia de greve geral, nesta quinta-feira, 18 mil juntaram-se em manifestação em Atenas Angelos Tzortzinis/AFP

O relógio está em contagem decrescente para o fim do resgate da Grécia, mas a troika e Atenas podem ser obrigadas a acertar os ponteiros. O Governo grego admite prolongar em “alguns dias ou semanas” o actual programa económico negociado como contrapartida dos empréstimos internacionais dos últimos quatro anos e meio.

A possibilidade foi colocada em cima da mesa pelo vice-primeiro-ministro grego, Evangelos Venizelos, depois de negociações inconclusivas entre o executivo e a troika relativamente à última avaliação do programa.

Em condições normais, o programa europeu termina a 31 de Dezembro, mas “se, por razões técnicas, alguns procedimentos impedirem a sua conclusão, o programa pode prolongar-se”, afirmou Venizelos, ministro socialista no Governo de coligação.

Venizelos, número dois do Governo, onde lidera a pasta dos Negócios Estrangeiros, esteve reunido com o primeiro-ministro, Antonis Samaras (Nova Democracia). O ministro das Finanças, Ghikas Hardouvelis também admitiu um adiamento do fim do resgate, referindo-se a “um curto período”. Mesmo que o encerramento do plano da troika aconteça depois de 31 de Dezembro, o Governo helénico pretende que o desembolso da última tranche aconteça antes desta data.

O dossier grego dominou a última reunião do Eurogrupo, no início de Novembro em Bruxelas, onde os ministros das Finanças da zona euro defenderam a adopção de um programa cautelar, através de uma linha de crédito com condições reforçadas cujas contrapartidas e condições ainda não estão totalmente definidas.

Como o modelo dessa “rede de segurança” ainda não está fechado, a negociação política de uma linha de crédito cautelar deverá ser retomada no próximo encontro do Eurogrupo, de 8 de Dezembro. E uma solução só será formalmente carimbada pela zona euro depois de a troika concluir a sua última avaliação, que ainda está pendente.

Um modelo que, segundo o Financial Times, foi já colocado em cima da mesa passa por converter 11 mil milhões de euros de fundos já concedidos à Grécia (mas não utilizados).

Em causa estão 11 mil milhões de euros atribuídos ao abrigo da linha de recapitalização dos bancos, alargando formalmente a finalidade dos fundos ou colocando as verbas no Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), com o objectivo de a Grécia aceder ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (sucessor do FEEF) e conseguir obter aquele montante.

Os dois empréstimos à Grécia desde Maio de 2010 ascendem a 240 mil milhões de euros. As verbas foram concedidas pelos instrumentos de socorro da União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional, cujo programa de acompanhamento se prolonga por mais um ano do que o programa europeu. A linha de crédito cautelar referida pelo Eurogrupo prevê, aliás, que o FMI continue envolvido na solução.

As medidas de austeridade levaram os sindicatos do sector privado e do público a concretizar nesta quinta-feira uma greve geral – de 24 horas. Em Atenas e Tessalónica, mais de 25 mil pessoas saíram em manifestação (segundo a polícia, 18 mil na capital e oito mil na segunda maior cidade do país).

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