Grandes empresas são responsáveis por quase metade das exportações nacionais

As empresas de pequena dimensão, até 9 trabalhadores, representam 61% das exportadoras de bens, mas ficam-se apenas por 9,5% das receitas totais das vendas ao estrangeiro

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A associação do sector diz que há produtos importados, que podiam ser produzidos internamente

As empresas com menos de 10 trabalhadores assumem um peso de 61% entre as companhias portuguesas que vendem bens ao estrangeiro, mas o volume de negócios que conseguem não chega aos 10% do total facturado. As unidades com mais de 250 trabalhadores, apenas 1,1% do total, ficam para si com 42,5% do valor exportado, conclui um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Os dados, revelados esta quinta-feira e relativos a 2013, mostram que é a indústria transformadora que lidera nas vendas ao estrangeiro, com 32,4% do total de empresas e 63,1% do valor exportado. Nesta classe, o destaque vai para a área de fabricação de veículos automóveis e componentes (9,7% do valor), o que surge como natural dada a vocação claramente exportadora da Autoeuropa e da própria Peugeot-Citroen, que se encontram entre as mais efectivas exportadoras nacionais.

O INE assinala, ainda, que as actividades relacionadas com o comércio assumem também um papel relevante nas trocas com o estrangeiro, com um peso de 42,9% entre as empresas exportadoras e 19,6% do valor facturado. O comércio por grosso é, aqui, o sector que mais se evidencia, salientando o instituto que isso fica a dever-se ao facto de muitas destes empresas pertencerem a grupos industriais que executam as suas transacções com o estrangeiro através dessas unidades.

O estudo permite concluir, também, que mais de dois terços das empresas (cerca de 69%) tem a sua clientela concentrada em apenas um país, mas mesmo assim representam 10,3% das exportações totais. As unidades com maior diversificação de mercado (mais de seis países) são responsáveis por 70% do valor vendido ao estrangeiro.

A principal fatia de empresas exportadoras (33,9%) é constituida por unidades criadas entre 2000 e 2009 e 25,1% na década anterior. No universo de companhias que no ano passado realizaram vendas para o estrangeiro, cerca de 15% têm a sua data de constituição fixada entre 2010 e 2013.

Entre as importadoras, o quadro é semelhante ao das exportações: as pequenas empresas lideram em número, mas a parte de leão do volume de negócios é assumido pelas grandes unidades. No ano passado, segundo o INE, cerca de 70% das empresas que compram bens ao estrangeiro tinham menos de 10 trabalhadores, assumindo 11,1% do valor total apurado.

Mas as grandes, com mais de 250 trabalhadores, assinala o instituto, apesar de representarem apenas 0,6% entre as importadoras, assumiram um valor de facturação que equivale a quase 40% do volume de negócios. A actividade importadora é muito marcada pelas empresas ligadas ao sector do comércio, que representam praticamente metade do número de empresas e do valor facturado.

O INE mostra, no entanto, que as importações de bens de países da União Europeia foram maioritariamente realizadas por empresas ligadas ao sector do comércio, enquanto as compras a países terceiros, de fora do espaço comunitário, foram lideradas pela indústria transformadora, que é mais dependente de matérias-primas e de componentes que não existem no espaço comunitário.

 

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