Governo homenageia Governo num livro sobre três anos de troika

Documento revisita “mais de 450 medidas executadas” desde 2011 – um resumo que Carlos Moedas descreve como “uma forma modesta e sincera” de agradecer o trabalho aos membros do Governo.

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O Conselho de Ministros, com a presença dos secretários de Estado na última parte, realizou-se no Palácio da Ajuda, em Lisboa Enric Vives-Rubio
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A fotografia no final da reunião: Passos, Portas, ministros e secretários de Estado Enric Vives-Rubio
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Carlos Moedas diz que o livro revisita “de forma transparente” o trabalho do Governo com a troika Enric Vives-Rubio
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Passos diz que o Governo vai “encontrar uma forma simbólica” de assinalar o 17 de Maio Enric Vives-Rubio
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O livro faz um balanço das medidas cumpridas Enric Vives-Rubio

Para elogiar o “grande trabalho”, o “sucesso”, a “caminhada contínua” de três anos de troika, para recordar a “extrema complexidade” da aplicação do programa de resgate, as “mais emblemáticas reformas” e para não deixar em branco o “dia-a-dia dos memorandos”, o Governo lançou um livro que resume as principais metas do programa que o executivo considera cumpridas.

Um livro que percorre, em cerca de 150 páginas, as várias áreas da governação num auto-elogio do trabalho feito pelo Governo durante o período da troika – e que o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, assume ser uma homenagem aos seus colegas de governo, actuais e ex-governantes que colaboraram com a Estrutura de Acompanhamento do Memorando (Esame) no interior do executivo, que liderou.

O documento que o Governo descreve como um resumo dos dias de convivência com a troika e do trabalho do próprio executivo chama-se A Gestão do Programa de Ajustamento – 1000 dias, 450 medidas cumpridas (com ilustração de Inês Moura Paes na capa) e foi lançado nesta quinta-feira por Carlos Moedas num Conselho de Ministros especial, realizado no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, na presença dos ministros e dos secretários de Estado e aberto na parte final à imprensa.

Depois de o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, elogiar aquilo que descreveu como um período “tão difícil para a generalidade dos portugueses”, a Carlos Moedas coube falar dos portugueses e do trabalho dos membros do executivo – actuais e ex-governantes. “Uma forma modesta e sincera” de os homenagear, enfatizou primeiro, para depois seguir o discurso com largos elogios à actuação do executivo. “Este livro pertence a todos.”

Pedro Passos Coelho justificara minutos antes a realização deste balanço público em Conselho de Ministros com o facto de não o fazer durante o período formal da campanha eleitoral para as eleições europeias. Mas, prometendo cumprir o “dever estrito de imparcialidade”, adiantou que o Governo não deixará de “encontrar uma forma simbólica” de assinalar o 17 de Maio.

Carlos Moedas justificou o lançamento deste livro como modo de revisitar “de forma transparente” – prometeu – o trabalho com a troika. Porque “cada avaliação era uma interacção” com os representantes da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional, para memória futura fica neste resumo “o dia-a-dia dos memorandos, o dia-a-dia de centenas de pessoas que trabalharam de forma incansável em prol do país para que nada falhasse”.

Crítica aos media
Enquanto Moedas enumerava algumas das “mais de 450 medidas executadas pelo Governo nestes mais de 1000 dias de programa”, Passos percorria algumas linhas do livro.

No prefácio, o primeiro-ministro faz igualmente um balanço positivo dos três anos de resgate, dizendo que este resumo “descreve bem o trabalho muito intenso” e muito do que diz ter sido feito pelo executivo para reformar a economia e as instituições. Lamenta, porém, a forma como tudo o que envolveu o programa foi tratado pela comunicação social. “É verdade que nem sempre se deu destaque mediático a esta dimensão do programa, já que as metas da consolidação orçamental, e tudo o que as envolvia, tiveram sempre prioridade noticiosa, que é como quem diz a dita 'austeridade' ajudou, no debate público, a dar menos visibilidade à dimensão da transformação estrutural do Estado e na economia”, escreve Passos Coelho.

Maria Luís Albuquerque discursaria a seguir, para lembrar a política expansionista seguida em 2008 e 2009, que diz ter exacerbado os problemas financeiros do país, e percorrer as principais medidas do Ministério das Finanças. E Portas passaria do balanço do programa da troika às medidas prometidas para a “reforma do Estado”.

Terminados os discursos, ministros e secretários de Estado desceriam para a “fotografia de família”. Passos caminha quase lado a lado com o ministro da Educação, Nuno Crato, acenando-lhe discretamente com a cabeça em sinal afirmativo. Depois dos sorrisos para as câmaras, o primeiro-ministro segue em direcção ao interior do palácio. Com Portas ao lado sorrindo; agora, Passos de semblante fechado.

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