Governo grego vai ter de reforçar o seu programa de ajustamento financeiro

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O primeiro-ministro grego considerou "criminosos" os rumores de que a Grécia queria sair do euro Foto: Ezequiel Scagnetti/Reuters

Um ano depois de ter começado a aplicar um duro programa de austeridade em troca da assistência financeira da zona euro e do FMI, a Grécia vai ter de adoptar um novo plano de ajustamento, porventura, ainda mais radical.

Esta perspectiva tornou-se clara depois de uma reunião realizada em segredo na sexta-feira à noite, no Luxemburgo, entre os ministros das Finanças da França, Alemanha, Itália, Espanha e da Grécia, a par do presidente do Banco Central Europeu (BCE) e de um representante da Comissão Europeia. "Pensamos que a Grécia precisa de um programa de ajustamento suplementar", afirmou Jean-Claude Juncker, primeiro-ministro do Luxemburgo e presidente do eurogrupo (os ministros das finanças da zona euro), no final da reunião.

Há várias semanas que o agravamento da situação da Grécia se tornou uma preocupação constante dos responsáveis europeus, conscientes de que Atenas nunca conseguirá regressar ao mercado para assegurar o seu financiamento como previsto em 2012 devido à forte desconfiança que continua a suscitar entre os investidores. O problema está em que apesar da austeridade draconiana adoptada pelo Governo, o défice orçamental não só não está a ser reduzido na proporção esperada, como foi superior em 2010 face ao previsto (10,5 por cento do PIB em vez de 9,4 por cento). Este agravamento resultou de uma alteração das regras de cálculo ao nível europeu, que complicou o facto de as receitas fiscais estarem a níveis aquém dos previstos devido à recessão económica e a uma fraude fiscal endémica.

Perante esta situação, os responsáveis europeus estão a ponderar a possibilidade de reforçar os empréstimos de 110 mil milhões de euros a Atenas, e de prolongar por mais uns anos o prazo de reembolso.

As dificuldades gregas estão a alimentar cada vez mais a especulação sobre uma eventual reestruturação da sua dívida, superior a 150 por cento do PIB, o que os participantes na reunião garantem que não está na ordem do dia. A especulação subiu de tom na sexta-feira com uma notícia da revista alemã Der Spiegel de que a reunião do Luxemburgo se destinava a discutir uma alegada intenção do Governo grego de sair do euro e reintroduzir a sua antiga moeda. Atenas negou de forma indignada.

George Papandreou, primeiro-ministro grego, considerou ontem estes rumores "criminosos". "Nenhum cenário destes foi discutido nem sequer em contactos oficiosos", afirmou, apelando "a toda a gente na Grécia e fora, e especialmente na União Europeia, para deixarem a Grécia em paz para poder fazer o seu trabalho".

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