Governo faz nova tentativa para concessionar 12 Pousadas da Juventude

Primeira fase teve apenas dois vencedores. O Inatel e a empresa Observar o Futuro vão passar a gerir as unidades de São Pedro do Sul e Aljezur, respectivamente

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O Inatel e a empresa Observar o Futuro, dona de três hostels em Lisboa, são as primeiras entidades privadas a serem seleccionadas para gerir duas das Pousadas da Juventude incluídas numa lista de 14, que o Governo quer concessionar através de concurso público. O Inatel passará a gerir a pousada de São Pedro do Sul, enquanto a Observar o Futuro ganhou a concessão da de Aljezur.

A primeira fase do concurso (que terminou em Junho) teve apenas dois vencedores. Foram recebidas propostas para as pousadas de Lisboa, Vilarinho das Furnas, Alijó e Penhas da Saúde, mas de acordo com Ricardo Araújo, presidente da direcção da Movijovem, não houve mais adjudicações devido a “incumprimentos de ordem formal”. “Significa que não cumpriram todos os requisitos, independentemente da qualidade das propostas”, diz. Contas feitas, das 14 pousadas a concurso, seis suscitaram interesse de entidades privadas e duas foram entregues a privados. As restantes, onde se incluem as unidades da Lousã ou de Viseu, não tiveram qualquer proposta.

Para tentar suscitar novo interesse pelas 12 pousadas que ficaram por adjudicar, foi lançado agora novo concurso público. As empresas e organizações têm até 31 de Agosto para se candidatarem e foram alterados alguns aspectos formais para, nas palavras de Ricardo Araújo, “agilizar procedimentos”. “Globalmente, os requisitos de ordem programática, técnica e financeira são os mesmos. As alterações são pontuais.”, adianta. Se na primeira fase as candidaturas eram feitas no portal das compras públicas, agora podem, por exemplo, ser enviadas directamente à Movijovem por email. “Este concurso é apenas para as pousadas da primeira fase, não foram incluídas novas”, sublinha Ricardo Araújo.

A entidade pública gere, actualmente, a rede nacional composta por 40 pousadas e é detida em 80% pelo Instituto Português da Juventude e em 20% pela Associação de Utentes das Pousadas da Juventude. A entrada de privados na gestão é um objectivo do Governo, que tem como meta concessionar um total de 25 unidades este ano. Além dos concursos públicos, a Movijovem está em conversações directas com as câmaras municipais de Setúbal, Oeiras, Vila Real e Braga para que passem a administrar outras quatro pousadas.

Com um passivo de 9,7 milhões de euros, as Pousadas da Juventude passaram de prejuízos de mais de 1,7 milhões de euros em 2008, para lucros de 200,9 mil euros em 2014 devido a um profundo corte na despesa, sobretudo com trabalhadores. Os gastos com pessoal desceram de 5,7 milhões (2009) para 3,9 milhões de euros em 2014. Das 40 unidades a funcionar em Portugal, 31 dão prejuízo, apresentam baixas taxas de ocupação e, algumas, precisam de obras urgentes. Este mês foi reactivada mais uma pousada, em Évora, encerrada desde 2003 para obras de remodelação, envoltas em polémica.

Remodelações em Aljezur
Para a empresa vencedora da concessão de Aljezur – dona dos hostels instalados na estação de comboios do Rossio e na gare ferroviária do Cais do Sodré - o estado de deterioração dos edifícios e equipamentos afastou clientes das pousadas, incapazes de se adaptarem às novas exigências dos turistas. “A concessão é uma oportunidade para inverter este ciclo e recuperar os clientes”, defende João Teixeira, fundador da Observar o Futuro, da qual faz parte a Destination Hostels. “Os hóspedes mudaram muito. Há 20 anos queriam apenas um espaço para dormir e se houvesse pequeno-almoço seria um extra bem-vindo. Hoje procuram um nível de conforto aproximado à hotelaria, mas com um custo mais económico”, continua.

A Observar o Futuro tem planos para investir na remodelação da pousada de Aljezur e aumentar o número de quartos. A empresa quer testar, com esta oportunidade, a gestão à distância para mais tarde abrir um hostel fora do país. “Servirá para experimentar um modelo de gestão antes de internacionalizar. O plano é ir para fora de Portugal porque, tirando poucas zonas, o país ainda é muito sazonal”, justifica.

Londres é o destino de eleição (seguido de Roma e de Paris), e é lá que João Teixeira quer replicar o modelo que fez sucesso nos seus três hostels em Lisboa. “Além de alojamento, oferecemos uma experiência de serviço complementar, que vai desde a animação, a tours [visitas guiadas]. Não são apenas um lugar para dormir”, defende.

A segunda fase do concurso para a concessão de 12 pousadas interessa à Observar o Futuro. Há, pelo menos, uma localização em vista, mas João Teixeira prefere não a divulgar.

Notícia corrigida: A pousada de Alijó foi uma das seis que recebeu propostas

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