Governo aceitou esperar por acordo com sindicatos para aprovar caderno de encargos da TAP

Na madrugada que antecedeu a decisão de avançar com uma requisição civil, chegou-se a estar perto de um entendimento para travar a greve.

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Os cinco argelinos chegaram num voo da TAP vindo de Argel e deviam seguir para Cabo Verde Raquel Esperança (arquivo)

O Governo nunca aceitou como condição a suspensão da venda da TAP, como os sindicatos exigiram para negociar a inclusão de garantias para os trabalhadores no caderno de encargos. Mas dispôs-se a só aprovar este documento, fundamental para lançar o processo, quando as negociações chegassem a bom porto.

Esta foi uma das cedências que o executivo fez, nas conversas com os sindicatos que se prolongaram pela madrugada da passada quinta-feira. Horas depois, porém, o Governo acabaria por avançar com uma requisição civil, obrigando os trabalhadores a comparecerem ao serviço. A possibilidade de um acordo para travar a greve geral de quatro dias, entre o Natal e o Ano Novo, tinha caído por terra.

O PÚBLICO sabe que, do lado do executivo, havia apenas a exigência de que as negociações não se prolongassem demasiado no tempo. E, por isso, apesar de aceitar esperar que chegassem a bom porto para aprovar o caderno de encargos, pediu aos sindicatos que sugerissem uma data limite para a existência de um acordo.

Mas o processo negocial não passou daqui e o Governo reagiu, de forma musculada, para minimizar os impactos da paralisação convocada por 12 sindicatos. A requisição civil, que foi idealizada para assegurar a totalidade da operação da TAP, não tem, porém, uma eficácia garantida. Os trabalhadores podem simplesmente não comparecer ao serviço, desde que justifiquem a sua ausência.

E, até agora, nenhum dos sindicatos desistiu da greve, mantendo-se os pré-avisos para todas as empresas e todos os funcionários do grupo TAP. O facto de serem 12 estruturas com sensibilidades e reivindicações muito díspares não tem ajudado, apesar de no sábado a plataforma ter dado uma prova de união, com os tripulantes a regressarem ao grupo, depois de terem decidido abandoná-lo há precisamente uma semana.

Tal como o Observador noticiou no sábado, a madrugada da passada quinta-feira também revelou que o sindicato que representa os pilotos continua a defender que os trabalhadores fiquem com capital da empresa, quando esta for privatizada. Uma exigência que o Governo já disse que não irá satisfazer, fundamentando-se num parecer do conselho consultivo da Procuradoria-Geral da República.

 

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