Gomas, caviar e outras “obras de arte” com azeite nascem em Belmonte

Azeite em pó com migas iofilizadas, azeitonas panadas com Queijo da Serra ou caviar de azeite são algumas das inovações que se podem encontrar no lagar de Maçainhas.

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António Mauritti estudou Belas Artes, mas é a inventar comida com azeite, desde gomas a caviar, que se diverte num lagar recuperado de Maçainhas, Belmonte.

Com 42 anos, virou costas a Lisboa e viajou para a aldeia natal da mulher, onde o município recuperou um lagar tradicional que estava fechado há 25 anos e que agora pretende ser um museu vivo.

A junta de freguesia gere o espaço e António Mauritti está encarregado de dar novas formas ao azeite.

Naquele imóvel, foi criado um primeiro andar, uma espécie de varanda que permite observar como tudo se passa no rés-do-chão, desde a entrega da azeitona até ao engarrafamento.

Ali ao lado, nesse patamar com vista para as prensas (de onde escorre o óleo natural), está o “ateliê” de António Mauritti: uma pequena cozinha rodeada por um balcão, no qual vai dando a provar experiências com azeite, feitas ao vivo, e que por norma deixam os visitantes de boca aberta.

O espaço de degustação pretende complementar o lagar com uma função “diferente, educativa e divertida”, refere, à agência Lusa.

“No início, diziam-me que ninguém ia comer” as novas iguarias: azeite em pó com migas iofilizadas, azeitonas panadas com Queijo da Serra ou caviar de azeite soavam a coisas estranhas.

No entanto, durante a inauguração do espaço, em Dezembro, “a mesa de novos produtos foi a mais procurada”.

Para além de surpreender quem por ali passa, “os visitantes querem saber como se come e como se tira proveito do azeite”, uma curiosidade que enche de satisfação António Mauritti, com a sensação de dever cumprido.

Seja através da empresa municipal, de grupos de operadores turísticos ou de outros contactos, o espaço começa a cativar apreciadores.

Entretanto, Mauritti já leva as invenções gastronómicas a feiras. “A ideia é divulgar o que se faz em Belmonte noutros lados e mostrar que existe qualidade e um grande potencial, para além de explicar a outras pessoas o que se pode fazer”, sublinhou.

Em lume brando, o prato favorito de Mauritti é “uma sobremesa desenhada para que a comunidade judaica também a possa usar nas refeições”.

É o prato de eleição pelo carácter inclusivo, explicou à agência Lusa, unindo diferentes culturas: “é um azeite do céu, que consiste num toucinho do céu, mas que só leva azeite”.

O fio dourado “dá-lhe textura e sabor” e permite cortar o açúcar, “de 700 para 300 gramas”.

A inspiração de Mauritti tem múltiplas fontes: buscas na Internet, desafios pessoais ou outros colocados por amigos que trabalham em restaurantes.

O resultado é “uma ementa turística e pedagógica”, acrescenta o presidente da Câmara de Belmonte, Amândio Melo.

O autarca realça que aquele se trata do único lagar movido a água que, apesar de estar alimentado a energia eléctrica, ainda pode funcionar com a força hidráulica.

“É um espaço vivo, no qual podemos incluir as provas gastronómicas”, conclui.

 

 

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