Gaspar anuncia apoio de banco público alemão às PME portuguesas

Vítor Gaspar recebeu, em Berlim, elogios do ministro alemão das Finanças e a garantia de que a Alemanha apoiará o tecido empresarial português.

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Gaspar foi recebido por Schäuble para um encontro de trabalho centrado no plano de ajustamento português Thomas Peter/Reuters

O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, anunciou nesta quarta-feira, em Berlim, que o banco público de investimento alemão KfW está a avaliar a extensão de apoio financeiro às empresas portuguesas, podendo assumir participações indirectas em pequenas e médias empresas (PME).

A promessa alemã de “ajudar” Portugal a criar um ambiente de negócios que estimule a actividade económica foi assumida pelo Governo de Berlim quando a chanceler Angela Merkel visitou Lisboa em Novembro e reforçada nesta quarta-feira pelo ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, que, na capital alemã, recebeu Vítor Gaspar para um encontro de trabalho.

Em conferência de imprensa, Gaspar ouviu elogios de Schäuble à aplicação do programa de ajustamento português – o tema na agenda do encontro bilateral desta quarta-feira – e recebeu a garantia de que as autoridades alemãs estão “disponíveis para ajudar” Portugal na dinamização do tecido económico.

Num momento em que a economia está faminta de investimento, mas a torneira do crédito às empresas escasseia, o ministro das Finanças português diz que o país pode contar, em particular, com a colaboração do banco de desenvolvimento alemão. A instituição “estará disponível para explorar a possibilidade de estender linhas de crédito a Portugal ou participar no capital das PME de formas intermediadas indirectamente por instituições portuguesas”, afirmou Vítor Gaspar, citado pela Lusa.

O Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW) foi criado em 1948 para financiar a reconstrução alemã no pós-Guerra e funciona hoje como um banco de desenvolvimento, para apoiar projectos empresariais estruturantes.

No plano para o crescimento que o Governo designou como Estratégia para o Crescimento, Emprego e Fomento Industrial 2013-2020, o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, prevê a criação dessa instituição financeira de desenvolvimento. A ideia é, numa primeira fase, o financiamento ser assegurado através de fundos estruturais, podendo mais tarde a instituição captar financiamento nos mercados.

Um dos temas abordados no encontro com Schäuble – a que Gaspar se referiu como “colega e amigo” – foi, aliás, a estratégia de regresso de Portugal ao financiamento de longo prazo no mercado de dívida. “É uma preocupação muito grande da nossa parte a transmissão dessa melhoria de condições de financiamento às empresas e, em particular, às pequenas e médias empresas activas nos mercados exportadores”, vincou o ministro das Finanças português.

Em Novembro, Merkel abriu a porta à participação da Alemanha na criação em Portugal de um banco idêntico, colaboração que, disse Vítor Gaspar, “está desde já a ocorrer na área técnica”.

Wolfgang Schäuble defendeu a necessidade de os dois países reforçarem a colaboração, para dinamizar a economia e combater o desemprego, que em Portugal atinge 17,7% da população activa, mas que, reforçou Schäuble, não é apenas um problema português. É de toda a Europa, disse, a dias de Berlim apresentar, com o Governo francês, uma proposta centrada no combate ao desemprego jovem.
 
Notícia corrigida às 15h27:
Vítor Gaspar foi erradamente referido no primeiro parágrafo como ministro alemão das Finanças.

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