G20 aponta para crescimento económico de 1,8% até 2018

Líderes das maiores economias do mundo aprovaram medidas para combater evasão fiscal.

Foto
Lagarde, directora do FMI, diz que são precisas medidas mais robustas para assegurar a recuperação económica AFP PHOTO/William WEST

Os líderes do G20 estão a apontar para um crescimento da economia mundial de 1,8% até 2018, abaixo das projecções de 2% feitas em Fevereiro. Foi esta a meta que saiu do encontro que juntou neste fim-de-semana os ministros das Finanças e os bancos centrais das maiores economias do mundo e das principais potências emergentes. Mas a reunião não terminou sem recados para a Europa, que foi instada a resolver os seus problemas para não prejudicar o resto do mundo.

No comunicado que saiu na reunião de líderes do G20, e que serviu de preparação ao encontro anual agendado para Novembro em Brisbane, prevê-se que o Produto Interno Bruto (PIB) mundial cresça em dois mil milhões de dólares. Uma subida que será obtida com uma forte aposta no desenvolvimento de infra-estruturas. Na cidade australiana de Cairns, foram propostas quase mil medidas para impulsionar a economia mundial.

Apesar do optimismo, ficou claro que a Europa é vista como um potencial obstáculo a esta meta. Jack Lew, secretário de Estado do Tesouro dos Estados Unidos, foi uma das vozes mais activas neste campo. “A preocupação que tenho é que, se os esforços para impulsionar a procura forem adiados por demasiado tempo, haja o risco de os ventos contrários ficarem mais fortes e o que a Europa precisa é de ventos favoráveis para a economia”, afirmou.

Mas o discurso de Lew não encontrou abrigo na reacção do ministro das Finanças alemão. Wolfgang Schaeuble preferiu destacar a importância das reformas estruturais e do controlo orçamental apertado. Uma falta de sintonia que não é nova e que surge poucos dias depois de a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) ter revisto em baixa as previsões de crescimento da zona euro para 2014, de 1,2% (apontados no relatório de Maio) para 0,8%. A organização referia mesmo que a recuperação da zona euro “se mantém decepcionante”, particularmente no caso da Alemanha, França e Itália, e que a baixa inflação nos países da moeda única continua a ser uma das principais ameaças.

FMI pede mais
Já a directora do Fundo Monetário Internacional aplaudiu os compromissos assumidos no encontro, mas apelou a políticas económicas mais robustas para assegurar a recuperação económica e a criação de emprego. “Temos de fazer mais e esperamos que haja mais compromissos no que se refere a infra-estruturas e ao mercado laboral”, afirmou Christine Lagarde, salientando o impacto negativo que as “tensões geopolíticas”, nomeadamente na Ucrânia e no Médio Oriente, têm tido.

Por outro lado, a Comissão Europeia congratulou-se com o pacote de medidas aprovadas durante o encontro para combater a evasão fiscal, especialmente a cometida pelas grandes multinacionais. Os ministros das Finanças e os bancos centrais do G20 chegaram a acordo para adoptar em 2015 o BEPS, um plano contra a erosão da base tributária e o movimento de benefícios fiscais, e decidiram pôr em marcha, em 2017 ou 2018, um sistema de intercâmbio de informação para evitar a fuga ao pagamento de impostos.

O comissário europeu dos Assuntos Fiscais, Algirdas Semeta, considerou, citado pela Lusa, que foi dado “um avanço importante para a criação de um enquadramento fiscal para as empresas mais justo e mais apropriado em todo o mundo”, acrescentando que estas medidas “vão impedir muitas das práticas fiscais agressivas a que as empresas recorrem actualmente”.

Do G20 fazem parte a Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Coreia do Sul, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos e o conjunto da União Europeia.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários